Vício dos celulares precipita demência digital, a doença do século XXI
By Cláudio

Vício dos celulares precipita demência digital, a doença do século XXI

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Vício dos celulares precipita demência digital, a doença do século XXI

Demência digital – termo cunhado na Coreia do Sul – significa uma deterioração nas habilidades cognitivas, e é mais comumente visto em pessoas que sofreram um traumatismo craniano ou doença psiquiátrica.

 “O uso excessivo de smartphones e jogos eletrônicos prejudica o desenvolvimento equilibrado do cérebro”, apontou Byun Gi-won, médico do Balance Brain Centre in Seoul, ao jornal Daily JoongAng.

No Brasil, de acordo com o relatório Digital 2023: Brazil, da We Are Social em parceria com a Meltwater, a proporção de pessoas conectadas cresceu de 70% em 2019 para 84,3% em 2023, o que fez com que o país chegasse à marca de 181,3 milhões de usuários da internet. 

Com o avanço no acesso, cresce também o número de dependentes digitais. Os usuários que conseguem viver suas rotinas de trabalho, estudo, familiar, social e seu lazer off-line, mesmo usando as tecnologias digitais de forma intensa, são diferentes dos compulsivos, que têm necessidade de passar cada vez mais tempo envolvido nas tecnologias. Os casos mais graves são classificados por “demência digital”, objeto de estudo de médicos da Coreia do Sul.

O risco da denominada demência digital surge quando o internauta se torna compulsivo, não conseguindo o autocontrole sobre o uso”, afirma a psicóloga do Programa Ambulatorial dos Transtornos do Impulso (Poamiti) no Núcleo de Dependências Tecnológicas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (FMUSP), Sylvia van Enck Meira. Para o integrante da Comissão de Administração da Escola Médica da PUC-Rio, o professor Jorge Biolchini, a saída é pela mudança de hábitos por tratamentos utilizados em outros casos de dependência, já que os padrões mental e comportamental são semelhantes:

  • Como esses hábitos se adquirem, é possível minimizar ou ficar menos ocupado com isso. No caso de dependência, como há fatores químicos envolvidos, algo mais grave, é preciso apoio social, grupos de apoio, estímulo a pensamentos e atitudes positivas. Precisa-se de uma abordagem mais complexa, senão a pessoa troca uma coisa por outra.
  • Podemos confundir a causa com o efeito da prática patológica de plataformas digitais. Os indivíduos acometidos apresentam baixa autoestima, depressão, tendência suicida, comportamento isolado e timidez patológica. Entretanto, é difícil saber se os conteúdos online causam este comportamento ou se a presença destas características leva o indivíduo a buscar um ambiente virtual que possibilite conexão social e sentimento de competência/autonomia. Obviamente, este comportamento leva a um ciclo vicioso, ou seja, se o indivíduo já apresentava estas características, estas tendem a piorar com o tempo. Da mesma forma, indivíduos procedentes de famílias desestruturadas e com importante conflito parental também têm maior risco. Detectando estes indivíduos e informando os pais a respeito dos comportamentos patológicos, podemos prevenir que o problema, uma vez detectado, se agrave.
  • Os pacientes afetados costumam mentir para a família ou para o seu terapeuta em relação à quantidade de horas dedicada aos aparelhos digitais. Quando uma pessoa apresenta sintomas do transtorno, é importante verificar quantas horas de fato ela se dedica a esta atividade.
  • O uso excessivo propicia uma série de ameaças à saúde física (transtornos alimentares, distúrbios de sono, comprometimento postural, problemas de audição e visão, lesão por esforço repetitivo), emocionais (fobia social, transtornos de ansiedade, depressão, irritabilidade, perda de sentimentos e perturbação, transtorno obsessivo-compulsivo) e cognitivos (redução da memória, falta de atenção, diminuição de concentração, sonolência, agitação), alertam especialistas.

Como prevenir a demência digital

– Estabeleça horários para o uso de celular e afins. Lembre-se de se reconectar com o mundo real;

– Escolha um hobby ou um passatempo que te obrigue a refletir, pensar e analisar; Exercite um novo idioma, vá para academia ou aprenda um instrumento. Pense no que mais gosta de fazer. 

– Faça planos fora de casa; Saia de casa, veja a rua, aproveite a natureza. É um ótimo exercício de respiração para o corpo e, principalmente, para a mente.

– Troque as séries por filmes. A vista sofrerá menos e sua imaginação será reforçada.

– O usuário dependente da tecnologia pode buscar ajuda profissional, com um médico psiquiatra ou psicólogo

Fonte: http://jornaldapuc.vrc.puc-rio.br/

Adaptação: Cláudio Martins Nogueira

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  • 29/03/2025