Eu bebo socialmente?
By Cláudio

Eu bebo socialmente?

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Eu bebo socialmente?

 Grande confusão acontece no diagnóstico do alcoolismo. Apesar dos avanços tecnológicos dos exames clínicos e de estudos acadêmicos até hoje não existe um consenso do que seria uso social do álcool, o que seria abuso e o que seria o alcoolismo.

Se isto acontece entre os profissionais da saúde o que poderia dizer do leigo, dos familiares e do próprio usuário desta droga?  uma palavra resumiria o que realmente acontece: ignorância pura! “Até hoje muitas pessoas acreditam que o alcoolismo é consequência de: “falta de vergonha na cara”, “falta de responsabilidade”, “malandragem” ou “safadeza”, “falta de força de vontade”, etc. Poucos acreditam realmente que estamos diante de uma doença grave e fatal.

Diante desta realidade é fundamental esclarecer alguns pontos importantes para diminuir estas dúvidas:

1 – O limiar que separa o beber social do alcoolismo é o beber que incomoda:  dificilmente alguém vai pedir para um bebedor social do álcool a parar de beber. Isto só vai acontecer quando este beber está incomodando alguém. Isto já não é beber social;

2 – Quem bebe socialmente não gosta de beber:  já quem bebe desenvolvendo o alcoolismo adora beber. Ele não consegue imaginar participar de uma festa sem fazer uso da sua bebida preferida;

3 – Quem bebe socialmente sabe a hora de parar: já quem bebe desenvolvendo a doença não sabe;

4 – Quem bebe socialmente para de beber quando começa a ficar tonto: já o alcoolista quanto mais ele fica tonto mais ele quer beber;

5 – Quem bebe socialmente fica tonto com facilidade: já o alcoolista demora a cair;

6 – Quem bebe socialmente sabe das suas responsabilidades: o alcoolista não;

7 – Quem bebe socialmente bebe devagar: já o alcoolista tem pressa no beber;

8 – Quem bebe socialmente bebe somente com outras pessoas: o alcoolista bebe com outras pessoas e sozinho;

9 – Quem bebe socialmente não assusta com a ideia de parar de beber: o alcoolista entra em pânico só de pensar nisto;

10 – Quem bebe socialmente assusta quando perde o controle: já o alcoolista nunca acha que está exagerando. Na cabeça dele ele está no controle;

É óbvio que quanto mais estes fatos repetem na vida do bebedor, mais comprometido com a doença ele estará. É importante esclarecer que o alcoolismo é uma doença que possui algumas características a saber:

  1. O doente não vê a doença;
  2. A doença é crônica, ou seja, não tem cura, mas é passível de tratamento;
  3. A doença é progressiva. Ninguém começa a beber de segunda a segunda. Até mesmo o alcoolista vai aumentando as doses ao longo da vida. Basicamente ela é dividida em três fases distintas: A fase inicial, onde o sujeito usa apenas em festas, com amigos e familiares. A fase intermediária onde ele usa/abusa em todos os finais de semana, mas ainda consegue trabalhar e ter uma vida social regular e a fase final onde ele faz o uso contínuo e diário, comprometendo sua saúde física, emocional, mental e social (família, trabalho, estudos, etc.)
  4. A doença é fatal se não for interrompida;
  5. A doença é física, emocional, mental, social e espiritual, ou seja, afeta todos os setores da vida.

Da próxima vez que você for beber, observe como você reage a esta droga. Se sentir os sintomas do alcoolismo está na hora de parar. Se precisar busque ajuda especializada.

Uma dica, se você ficou incomodado com este texto, isto é um sinal que provavelmente você está desenvolvendo o alcoolismo.

Cláudio Martins Nogueira

Psicólogo clínico, especializado em dependência química e CODE

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  • 31/01/2025
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