Dobrando-se com o vento
Dobrando-se com o vento 11 de setembro
“Aprendemos a ser flexíveis… À medida que coisas novas
vão sendo reveladas, nós nos sentimos renovados”.
“Flexibilidade” não fazia parte do vocabulário quando usávamos em nossos dias de ativa. Nós nos tornamos obcecados com o prazer bruto de nossas drogas e endurecidos a toda suavidade e sutileza dos prazeres infinitamente variados do mundo à nossa volta. Nossa doença tinha transformado nossa própria vida em uma constante ameaça de prisões, instituições e morte, uma ameaça que nos endureceu ainda mais. Por fim nos tornamos quebradiços. Com o mais simples sopro de vida nós finalmente desmoronamos, quebramos, fomos derrotados, sem escolha a não ser a rendição.
Mas a bela ironia da recuperação é que, em nossa rendição, achamos a flexibilidade que havíamos perdido em nossa adicção, cuja grande ausência nos derrotou. Recuperamos a capacidade de nos dobrar ante a brisa da vida sem nos quebrar. Quando o vento sopra, sentimos seu toque amoroso contra a nossa pele, ao passo que antes havíamos nos endurecido como se estivéssemos contra o vendaval de uma tempestade.
Os ventos da vida sopram novos ares em nosso caminho a cada momento, com suas fragrâncias e prazeres novos, variados, sutilmente diferentes. À medida que dobramos com o vento da vida, sentimos, ouvimos, tocamos, cheiramos e saboreamos tudo que nos é oferecido. E à medida que os novos ventos sopram, nos sentimos renovados.
Só por hoje: Poder Superior ajuda-me a dobrar com os ventos da vida e sentir a alegria de suas passagens. Liberte-me da rigidez.
Fonte: Reflexões diárias – #soporhoje – Literatura do NA
Meu comentário:
São Tomaz de Aquino, já dizia: “A sabedoria é o caminho do meio”. Talvez a única exceção a esta reflexão do nosso estimado santo seja a importância de sermos rígidos ao uso da substancia. A grande maioria dos dependentes químicos que flexibilizam o uso delas, infelizmente, está fadado ao fracasso total. Os sintomas da doença voltam de maneira assustadora.
Portanto, todo foco no tratamento e todo cuidado com as situações de risco ainda é pouco. Não existe neste aspecto a flexibilização. Sem esta objetividade e talvez sem este “o radicalismo” não será possível alcançar a sobriedade e com ela a flexibilidade de uma vida saudável e mais produtiva em todos os sentidos.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ.