Ludopatia: a “droga” chamada jogo
Ludopatia: a “droga” chamada jogo
A Ludopatia é o nome do transtorno associado ao vício em jogos de azar. Esse tipo de jogo contempla bingos, loterias, jogos de cartas e apostas online, jogo do bicho, baralho, cassinos, etc..
A princípio, o nome pode não gerar alarde, sendo bastante caricato por seu prefixo “ludo” que remete ao lúdico, ao fantástico. No entanto, esse termo nomina um problema crescente na sociedade, que agora está ao alcance das mãos 24 horas por dia.
A facilidade de acesso e a oportunidade de “renda extra fácil” tem contribuído para o aumento de apostadores.
Mas se engana quem pensa que a Ludopatia é apenas um problema comportamental. O vício em jogos surte efeitos fisiológicos e ativa sistemas de recompensa no cérebro, estimulando a liberação hormonal. Estudos mostram que, assim como o uso drogas psicotrópicas, os jogos liberam grande quantidade de neurotransmissores como a Dopamina, Serotonina e Noradrenalina, responsáveis pela satisfação e prazer atuando diretamente numa parte do cérebro chamada de SRC (Sistema de Recompensa Cerebral) responsáveis pela manutenção do comportamento. Aliada a este “prazer terrível”, a possibilidade de um retorno imediato e um suposto ganho fácil e rápido, alimenta a ambição e a ilusão de um enriquecimento sem esforços.
Por isso é tão difícil para o jogador patológico romper com o ciclo de apostas, ainda que esteja perdendo. Um misto de busca, frustração e esperança se mesclam gerando uma cascata fisiológica que impulsiona a pessoa a manter a ação.
Ainda que em 100 tentativas apenas uma tenha resultado positivo, já é reforçador suficiente para que as jogadas continuem.
Estudos sugerem que algumas pessoas possuem maior propensão genética a vícios, sendo mais sensíveis à captação de neurotransmissores relacionados ao prazer e felicidade.
Além dos fatores genéticos, problemas pessoais, o meio social, cultural e doenças mentais de base também influenciam no comportamento de jogo. Sendo assim, é importante identificar quais marcadores podem estar contribuindo para a compulsão.
Como saber se estou viciado em jogo de aposta?
Conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – 5), a pessoa deve satisfazer ao menos quatro critérios, dentre os nove elencados, para ser considerada jogadora patológica.
Fique atento a sinais e sintomas como:
- Necessidade de aumentar gradualmente o valor das apostas;
- Irritação ao ter que cessar o jogo;
- Não conseguir parar o comportamento de jogo por longos períodos;
- Jogar quando se sente angustiado;
- Pensar constantemente no jogo;
- Não aceitar perder e sentir o desejo de jogar até ganhar, em um ímpeto de ficar “quite” com a banca;
- Mentir sobre os hábitos de jogo;
- Ter prejuízos nos relacionamentos ou ter perdido o emprego em decorrência dos hábitos de jogo;
- Precisar de aporte financeiro de terceiros para pagamento de dívidas de jogo.
Fonte: https://www.tecmundo.com.br/internet/280837-ludopatia-fazer-voce-achar-que-viciado-apostas.
Adaptação: Cláudio Martins Nogueira
Como me livrar do vício em apostas?
- Assuma o seu problema;
- Procure ajuda especializada. Psicólogos e grupos de apoio especialistas em compulsões diversas. Não tente parar sozinho;
- Abra o jogo com seus familiares. Eles são seus melhores amigos;
- Evite ter acesso a cartão de créditos, débitos e dinheiro;
- Tire o computador ou notebook do seu quarto e não leve o seu celular para a cama;
- Se necessário, procure um psiquiatra e tome a medicação conforme a orientação do mesmo. Ao diminuir o seu quadro de ansiedade e depressão, pode acontecer a diminuição da compulsão
- Busque ajuda espiritual. Ela é importante para o nosso equilíbrio emocional e mental;
- Estude sobre a doença e entenda seu tratamento;
- Persevere no tratamento, mesmo se acontecer alguma recaída. Se isso acontecer, fale com seus familiares e rede de apoio
- Grupos de apoio como Jogadores Anônimos, Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos podem ajudar, afinal, todos trabalham com compulsões
- Se tudo isso não funcionar, não descarte a possibilidade de uma internação em uma Comunidade Terapêutica. Às vezes, será preciso se afastar da “droga” para interromper o ciclo vicioso.
- Mantenha-se em tratamento, mesmo depois de superada a compulsão. As recaídas são muito frequentes nestes transtornos.
Cláudio Martins Nogueira – psicólogo clínico
Especialista em dependência química