Vamos devagar com o andor porque o Santo é de barro
Vamos devagar com o andor porque o Santo é de barro
Outro ditado antigo oriundo da fé católica das cidades interioranas nos convida a fazer uma reflexão profunda sobre a vida. Nas procissões tradicionais é comum os fieis levarem as imagens de barro dos santos nos cortejos. O suporte onde estas imagens são fixadas é chamado de andor. Normalmente quatro pessoas carregam a imagem durante todo o percurso programado. Era muito comum acidentes onde os responsáveis por carregar a imagem davam passos mais rápidos e a imagem se soltava do andor e quebrava em vários pedaços. Assim os responsáveis pela organização diziam a eles: “vai devagar com o andor, pois o Santo é de barro”.
De tanto repetir esta frase ela virou um ditado. Mas afinal, o que podemos aprender com ela? Alguns pontos merecem mais atenção:
- – Assim como a imagem de barro, nossas vidas também são frágeis. Temos que ir devagar às nossas mudanças porque se tivermos pressa podemos nos machucar ou atingir outras pessoas.
- – Entender que as mudanças das outras pessoas também são lentas. Muitas vezes requer um processo de amadurecimento psíquico que somente com o tempo e com a idade será possível alcançar.
- – No mundo atual onde a pressa e a ansiedade de alcançar os objetivos é uma realidade, nada mais importante entender que tudo tem seu ciclo natural e que deve ser obedecido e respeitado. Para alcançar os objetivos é fundamental seguir os princípios determinados pela sociedade. Se tiver pressa o “santo” pode cair.
Enfim este ditado nos convida com bastante sabedoria a respeitar o processo natural de evolução das coisas e pessoas, trazendo como consequência resultados positivos e duradouros, além de evitar muitos transtornos ao longo da nossa vida.
Cláudio Martins – psicólogo clínico