Viver é preciso
Viver é preciso
A dependência química é vista por muitos pais como algo distante, que acontece apenas na casa dos outros e de repente, muitos de nós somos surpreendidos pelo problema, que chega como uma verdadeira avalanche e da noite para o dia parece que tudo se transforma.
A descoberta provoca em muitos familiares um choque paralisante, como se nada mais na vida fizesse sentido. É comum deixarmos de fazer coisas que estávamos acostumados no dia a dia. Abandonamos o lazer, paralisamos projetos e planos, procuramos o isolamento. É como se a vida pessoal parasse a partir da descoberta para vivermos tão somente em função do nosso desafio e com isso experienciamos um sofrimento profundo.
Abandonar os cuidados pessoais não é solução para o problema. Podemos fazer muito pelo outro, sem medir esforços na busca de soluções para o desafio, sem que para isso precisemos deixar de viver a nossa vida. Deixar de nos alimentar, não dormir a noite, abusar do uso de remédios ou buscar o isolamento apenas nos fragilizam e fragilizados reduzimos as nossas forças para lidarmos com tamanho desafio.
Desejamos imensamente ajudar o nosso familiar a se livrar do problema, mas em estado de choque, adoecemos e vamos precisar de apoio para nos livrarmos de sentimentos paralisantes, como o medo, o estado depressivo e a culpa etc., tão presentes nas famílias codependentes.
A vida continua, e é urgente resgatá-la. Precisamos despertar do impacto paralisando que o problema provoca. Não precisamos desistir do outro, mas não podemos esquecer de nós. Se não formos capazes de cuidar da nossa vida, onde vamos encontrar forças para tentar ajudar o outro?
Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP
Meu comentário:
A melhor maneira de ajudar o outro é ajudando a nós mesmos. Buscar ajuda para nós. Entendermos a doença e a dinâmica do tratamento. Para isto, precisamos procurar ajuda especializada (grupos de apoio, grupos terapêuticos e profissionais especializados na área). A partir das nossas mudanças, além de voltarmos a viver nossa vida, iremos ter condições de transferir a crise para o nosso ente querido e, a partir dela, criar uma motivação para o outro buscar ajuda. Neste momento, estaremos preparados para realmente ajudar quem está pedindo ajuda.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ e CODE