Drogas e família: fases do tratamento –
Oitava fase: Recebendo a Bíblia
A família:
Após nove meses de internação do dependente, a família esta esperançosa. Na entrega da Bíblia, símbolo de superação do processo de residência, a emoção, os agradecimentos e lágrimas toma conta de todos os membros da família. O sentimento de vitória e da missão cumprida é predominante neste momento. A sensação de ter chegado ao fim da estrada e de que o pesadelo acabou toma conta de todos, inclusive do dependente.
Porém, ao chegar no lar, as incertezas voltam nas relações familiares. Como adaptar esse “novo” membro dentro da família. Como ajuda-lo? Devemos arrumar ou não o emprego para ele? E o dinheiro, eu devo ou não suprir suas necessidades? Por quanto tempo? E o horário de chegar a casa? E os limites? Quando devo dizer sim ou não?
Enfim, uma série de dúvidas perambula pelas nossas cabeças. Começamos então a perceber de que a missão ainda não esta cumprida. Que uma nova estrada se abriu para iniciarmos uma nova caminhada. Não demora muito para detectarmos que o nosso dependente não voltou “santificado” da Comunidade Terapêutica. Sentimos então a necessidade de suporte dos grupos de apoio e até mesmo, em muitos casos, do profissional da saúde.
Infelizmente, muitos familiares abandonam esta estrada. É comum a família acreditar que só o dependente deve continuar a participar dos grupos de apoio, agindo desta maneira, a família facilita uma possível recaída do dependente. Quando isto acontece, a família não tem outra saída a não ser o retorno à estrada do tratamento.
O dependente:
Ele tende a se afastar do tratamento, principalmente quando a família faz isto. O dependente é movido pelo sentimento de refazer sua vida e ir atrás de tudo aquilo que ele perdeu. De maneira precipitada, começa a trabalhar e a estudar, negligenciando os grupos de apoio, a espiritualidade, o psicólogo e o psiquiatra.
Ele tem a ilusão que está curado e quer esquecer da sua doença e do seu passado. Assim seu Espírito vai enfraquecendo e a recaída é apenas a consequência deste seu descaso pelo tratamento.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico.