A dor do outro
Bastante comum, ao olhar para a vida de outra pessoa achamos que os seus problemas são na realidade inexistentes ou pouco importantes. Parece de fato existir um mecanismo que leva o ser humano a não querer olhar para o sofrimento do outro. Além de sofrer, quem sofre acaba também se sentindo excluído, condenado a uma solidão ainda mais cruel, pois os outros parecem não poder olhar para ele ou, se olham, parecem desaprovar sua dor.
Não é raro, quando alguém nos confia um problema que faz sofrer, sermos tentados a minimizar o que ele está dizendo, relatando situações dolorosas vividas por outras pessoas, essas sim, realmente trágicas. Ou então, quando alguém nos fala de seu próprio problema, imediatamente respondemos relatando um problema nosso, dando a impressão de que o problema dele não é tão importante, se comparado com aquele que acabamos de relatar. Quantas vezes queremos consolar quem amamos e, após ouvir suas queixas, dizemos: “Não é nada”…
Para quem está sofrendo, a pior coisa é ver sua dor sendo minimizada ou até ridicularizada. Se a pessoa está se queixando, é porque está realmente sofrendo, muito embora seus sofrimentos possam parecer inexistentes para quem escuta.
Saber escutar é uma arte que está caindo em desuso. Cada um dos interlocutores parece estar capturado em seu próprio mundo, incapaz de permitir que o mundo do outro o penetre e desperte algum interesse nele.
Adentrar no mundo interno do outro pode ser extremamente difícil, mas, para quem sabe escutar, aos poucos se descortinam paisagens inesperadas, que nos permitem entender o mundo que o outro habita. Somente quando isso acontece, podemos ousar dizer algo, se for o caso.
Aliás, eis mais uma questão importante: a necessidade compulsiva de dizer algo. Como se o silêncio fosse inadequado, ofensivo. A prática clínica mostra claramente que, na maioria das vezes, o outro está dizendo algo não para ouvir nossa resposta, mas apenas para poder se ouvir na presença do outro. Ouvir a si mesmo na solidão. Algo dito mil vezes em um solilóquio repetitivo de repente passa a fazer algum sentido, se dito na presença do outro. Posso garantir que quem está sofrendo, precisa falar sobre sua dor.
Autor desconhecido
Meu comentário:
Quando estamos envolvidos emocionalmente com o outro, não estamos em condições de ouvi-lo na sua plenitude como foi colocado neste texto. Pais na maioria dos casos não possuem a neutralidade necessária para escutar seus filhos. O mesmo acontece com os conjugues e com os demais familiares. Daí surge à necessidade de um acompanhamento terapêutico, ou seja, alguém treinado e habilitado, além é claro, capaz de proporcionar uma escuta desprovida de julgamento e totalmente imparcial com o objetivo de fazer o sujeito escutar a si mesmo na sua própria fala.
Fica aí a dica. Vamos todos para a terapia!