O corvo e o jarro
O corvo e o jarro
Um Corvo, que estava sucumbindo de sede, viu lá do alto um Jarro, e na esperança de achar água dentro, voou até lá com muita alegria.
Quando o alcançou, descobriu para sua tristeza, que o Jarro continha tão pouca água em seu interior, que era impossível retirá-la de dentro.
Ainda assim, ele tentou de tudo para alcançar a água que estava dentro do Jarro, mas como seu bico era curto demais, todo seu esforço foi em vão.
Por último ele pegou tantas pedras quanto podia carregar, e uma a uma, colocou-as dentro da Jarra. Ao fazer isso, logo o nível da água ficou ao alcance do seu bico, e desse modo ele salvou sua vida.
Autor: Esopo
Moral da História:
A necessidade é a mãe de todas as invenções.
Meu comentário:
Nunca devemos menosprezar a capacidade dos outros em superar seus limites e dificuldades. Como diz um ditado antigo: “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Quando sentimos dó dos outros de alguma maneira estamos transmitindo a energia negativa de acreditar que ele não é capaz de superar suas dificuldades e provações. Subestimamos sua capacidade e o infantilizamos. Sentimos superiores a eles e de alguma maneira mantemos o outro nesta mesma posição.
Neste sentido é fundamental estender os braços para ajudar o outro a caminhar por um tempo sem jamais carrega-lo nas costas. Se isto ocorrer, ambos serão prejudicados, construindo assim uma relação de dependência e de codependência. Nesta relação o codependente se sente o tempo todo explorado pelo dependente e este não assume a responsabilidade sobre sua vida, colocando sempre a suposta “culpa” das suas mazelas nos seus codependentes.
Enquanto o dependente se manter nesta posição, ele não descobre o seu potencial em superar suas dificuldades e limitações se mantendo sempre na posição de pedinte.
Como diz o velho ditado: “A necessidade que faz o sapo pular”. Se levar a comida à boca do sapo ele vai ficar parado esperando o alimento. Muitos codependentes fazem isto com seus dependentes (não necessariamente de drogas apenas), mas qualquer tipo de dependências. Isto não significa negar a ajuda que ele precisa (do tratamento), mas sim, negar a ajuda que ele quer (do adoecimento).
Portanto, nem sempre ajudar é ajudar. Muitas vezes a melhor ajuda é a recusa da ajuda. O corvo encontrou uma saída para matar sua sede. Nós também temos todas as condições de ir à busca desta “água”, para isto, os codependentes devem recusar dar a água na boca do dependente.
Cláudio Martins Nogueira – psicólogo clínico