A história de Bill – Co-fundador do AA (Alcóolicos Anônimos)
Capítulo 1 – parte 03
A história de Bill – Co-fundador do AA (Alcóolicos Anônimos)
Em 1929, apaixonei-me pelo golfe. Fomos imediatamente para o campo e minha mulher aplaudia, enquanto eu me preparava para superar o campeão Walter Hagen. A bebida atingiu-me muito mais depressa do que eu a Walter. Comecei a ficar extremamente trêmulo, pela manhã. O golfe me permitia beber todos os dias e todas as noites. Era divertido perambular pelo gramado que me havia causado tanta admiração quando eu era garoto. Adquiri o impecável bronzeado dos ricos. O banqueiro local, com divertido ceticismo, observava-me sacar e depositar gordos cheques. De repente, em outubro de 1929, o inferno desabou sobre o mercado de capitais de New York. Depois de um daqueles dias de terror, saí cambaleando de um bar de hotel para um escritório de corretagem eram oito da noite – cinco horas após o fechamento do mercado. A tele impressora continuava funcionando. Fiquei olhando para um pedaço da fita de papel onde estava escrito XYZ-32. Naquela manhã, o valor era 52.
Os jornais noticiavam mortes de homens que se atiravam do alto dos prédios no Centro Financeiro. Aquilo me repugnava. Eu não pularia. Voltei para o bar. Meus amigos tinham perdido vários milhões desde as dez da manhã – e daí? Amanhã seria outro dia. À medida que eu bebia, voltava minha antiga determinação feroz de vencer.
Na manhã seguinte, telefonei para um amigo de Montreal. Ele ainda ficara com muito dinheiro e achou que eu deveria ir para o Canadá. Na primavera seguinte, havíamos retomado nosso habitual estilo de vida. Eu me sentia como Napoleão ao voltar de Elba. Não haveria Santa Helena para mim! Mas a bebida me venceu novamente e meu generoso amigo foi obrigado a desistir de mim. Desta vez, falimos mesmo. Fomos morar com os pais de minha mulher. Consegui um emprego e, então, perdi-o devido a uma briga com um motorista de táxi. Felizmente, ninguém podia adivinhar que, pelos próximos cinco anos, eu ficaria desempregado, ou que dificilmente teria um minuto de sobriedade. Minha esposa começou a trabalhar numa loja de departamentos, voltando exausta para casa, para me encontrar embriagado. Tornei-me um inconveniente parasita dos escritórios de corretagem.
A bebida deixara de ser um prazer: tornou-se uma necessidade. Duas garrafas, muitas vezes três, de gim de segunda, por dia, tornaram-se rotina. De vez em quando, uma pequena transação me rendia umas poucas centenas de dólares e eu pagava minhas contas nos bares e mercearias. Aquilo não tinha fim e comecei a acordar muito cedo, pela manhã, tremendo violentamente. Um copo cheio de gim, seguido por meia dúzia de garrafas de cerveja eram necessários se eu quisesse tomar o café da manhã. No entanto, eu ainda acreditava poder controlar a situação e havia períodos de sobriedade que renovavam as esperanças de minha esposa.
Literatura do AA – Continua na próxima edição