O jogo dos sete erros das Comunidades Terapêuticas
O jogo dos sete erros das Comunidades Terapêuticas
Tantos erros tentando acertar que precisamos refletir mais sobre eles. Somente assim seremos capazes de evita-los no nosso dia-a-dia. Neste mês vamos citar sete erros comuns das comunidades terapêuticas que se propõem em tratar os dependentes químicos e seus familiares.
1º erro: não se profissionalizar – Algumas CT’s acreditam que apenas com a espiritualidade serão capazes de conduzir o dependente químico à sobriedade. A formação profissional dos coordenadores e voluntários fica sempre em último lugar. Investir em obras às vezes é mais importante do que investir em pessoas.
2º erro: negligenciar a triagem – Algumas CT’s afrouxam nos critérios de triagem. Simplesmente com o amor e a irresponsabilidade, pegam o dependente na rua sem nenhum critério e o coloca dentro de uma comunidade com dezenas de residentes. Além de ser ilegal, este ato pode trazer sérias consequências como a contaminação dos demais residentes por doenças infecciosas trazidas da rua, surtos psicóticos que podem levar a agressões físicas dentro da comunidade, além de comprometer o tratamento da própria pessoa que esta sendo acolhida.
3º erro: afrouxar no regulamento – O dependente precisa de disciplina e limites. Quando uma CT é muito permissiva ela se torna codependente e não vai contribuir com o tratamento dos seus residentes. É comum na ânsia de dar mais uma oportunidade para um residente problemático na comunidade, prejudicar a todos.
4º erro: não tratar a família – Muitas comunidades terapêuticas cometem o grande erro de desvalorizar o trabalho com a família codependente. Com um regulamento frágil e permissivo não exige da família a frequência regular nos grupos de apoio para a visita à fazenda. Assim, uma família doente tende a facilitar as recaídas do recuperando.
5º erro: negligenciar a supervisão – Por falta de preparo dos coordenadores, muitas vezes a falta de supervisão pode acarretar problemas graves dentro da comunidade, comprometendo a qualidade dos serviços.
6º erro: não priorizar o seguimento – Ao término da internação as maiorias das CT’s não possuem um acompanhamento de seguimento da família e do dependente. Afastado do tratamento a grande maioria tende a recair;
7º erro: negligenciar a gestão financeira – A maioria das CT’s é dirigida por religiosos que acreditam que somente com a fé e a boa vontade das pessoas de bem será possível gerenciar a instituição. Com esta visão simplista menospreza as ferramentas modernas de gestão administrativa e acometem erros que causam muitos prejuízos para a instituição e para todos os assistidos por ela.
Assim, fica claro que os desafios enfrentados pelas Comunidades Terapêuticas são enormes, exigindo cada vez dos seus dirigentes além da fé, a dedicação, o respeito e a formação profissional não só deles, mas também de toda a equipe de voluntários e profissionais envolvidos no processo.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico