Nos “caminhos” da codependência
Nos “caminhos” da codependência
Diferente da dependência química que começa a desenvolver na maioria dos casos na adolescência, a codependência é considerada uma doença (ou transtorno) na primeira infância, ou seja, até aos sete anos de idade. O surgimento da codependência acontece quando as necessidades emocionais desta criança não são preenchidas.
Esse processo ocorre por toda a vida e, assim como a dependência química, ela é progressiva, crônica e fatal se não for tratada. Neste texto vamos refletir um pouco sobre esse processo progressivo desta “doença” ao longo da vida
Primeira fase: INICIAÇÃO
- Normalmente acontece na primeira infância (0 a 7 anos). O “filhote” humano é um dos mais frágeis da natureza. Ele nasce totalmente dependente dos cuidados de um adulto. Na medida em que ele convive com seus familiares ele precisa se sentir amado, adotado e inserido neste núcleo familiar. Se estas necessidades emocionais não forem preenchidas, este bebê vai crescendo com uma autoestima comprometida, ou seja, o seu “tanque de amor” está na reserva e ele vai desenvolvendo uma carência afetiva e emocional enorme.
- Essa baixa autoestima “empurra” a criança para um lugar que eu chamo de “mendigo emocional”. Para conquistar o afeto e o amor dos familiares, ele procura chamar a atenção dos mesmos e, para isto, tudo é valido. Se colocar no lugar da vítima, do agradador, do problemático, etc. Em outras palavras, “só falta ficar nu para chamar sua atenção.
- Aqui se instala a dependência emocional, ou seja, o sujeito depende de um outro para se sentir amado.
- Segunda fase: EXPERIMENTAÇÃO
- Ao viver a experiência prazerosa de ter a atenção do outro e a ilusão de sentir amado, o codependente tende a repetir a “dose” com cada vez mais frequência, afinal, assim como o adicto, ele possui muitos ganhos com esta postura codependente. As suas manipulações surtem efeitos, o seu discurso e comportamento de vítima traz consequências positivas num primeiro momento e quando ele coloca a culpa nos outros pelas suas insatisfações e frustrações, ele nada precisa fazer para resolver suas questões emocionais.
- Com o tempo, ele vai fazendo as escolhas codependentes como agradar o outro a qualquer custo, tentar controlar os outros e a coisas, ser uma “máquina” de resolução de problemas que o outro produz.
Terceira fase: “USO” ABUSIVO
- – Encontrado “a substancia” de preferência, ou seja, um dependente (químico ou não), o codependente passa pelo processo de perda de identidade e procura se moldar aos desejos e caprichos deste outro. Começa a fazer coisas que jamais faria para agradar este outro, se contenta com migalhas emocionais e promessas vazias que vai melhorar;
- – Esse processo de despersonalização vai evoluindo de tal maneira que começa a comprometer a saúde física, emocional, social e financeira do codependente. É nesta fase que o codependente entra no jogo da culpa e no jogo sedutor do dependente.
- – As fantasias neste momento são:
“Meu filho foi preso, agora ele aprende a não usar a droga”.
“Eu conversei com o meu marido e ele me prometeu que não vai mais usar as drogas”
“Vou pagar essa dívida pela última vez se você me prometer que não vai fazer isto de novo”.
“Meu marido usa droga por minha causa, afinal, eu não sou boa o bastante para ele ficar comigo ao invés de ficar com a droga”
Quarta fase: “USO” DOENTIO
- – Aqui se instala a codependência, ou seja, A pessoa não consegue mais funcionar bem sem tentar controlar o seu dependente. Ela não consegue mais viver sem a outra pessoa. A sua mente só pensa no dependente. Se ela não tem notícias do “bonitão” ela entra em crise de abstinência da codependência. Ela tem “fome” do outro. A fissura do codependente consiste em ter o controle sobre o outro. Já a falta deste controle é a crise de abstinência do codependente, ou seja, como o codependente vai suprir sua fome de amor sem o outro?
- – Ele perdeu a opção de escolha. Virou objeto do outro dependente. O dependente passa usar o codependente para conseguir continuar usando sua droga. Aqui dificilmente o codependente vai sair deste transtorno sozinho. Ele precisa de ajuda especializada
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Cláudio M. Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ e codependência