A droga é uma escolha – a dependência não
By Cláudio

A droga é uma escolha – a dependência não

Compartilhe

A droga é uma escolha – a dependência não

Apesar da OMS (Organização Mundial Saúde) reconhecer a dependência química como doença e a medicina no seu CID-10 (Código Internacional de doenças) classificar a mesma como doença, a maioria das pessoas não veem a dependência química como tal.

A sociedade de maneira geral, a família e o próprio dependente químico, acredita que a dependência química foi e é uma escolha de um sujeito que optou pela doença por fraqueza, falta de vergonha na cara, etc.

Muita confusão é feita neste sentido e nada disto ajuda na resolução do problema. Para esclarecer este fato vai aqui algumas considerações.

1º) – O adolescente (segundo estatísticas, 85% usam a droga pela primeira vez nesta fase), faz sim, uma escolha de experimentar a droga. Considerando a imaturidade normal nesta fase e o contexto de viver numa sociedade e muitas vezes numa família adicta e codependente, ele é incentivado a fazer esta experiência. Assim, mesmo esta escolha não é apenas deste sujeito adolescente, mas sim, de todo este contexto sociocultural;

2º) – Outro fator importante a ser considerado é que ninguém experimenta a droga em um dia qualquer com um projeto de vida de se tornar um dependente químico. Como não existe ainda um exame preventivo que consegue fazer este diagnóstico, ninguém sabe quem tem a predisposição orgânica de desenvolver esta doença.

Além disto, a omissão do poder público, das escolas, das igrejas, das empresas, da imprensa e da família em relação a este tema da dependência química e da prevenção e tratamento nos empurra para um total desconhecimento sobre esta questão. Pelo contrário, com raríssimas exceções, por interesses econômicos, incentivam o consumo e até mesmo o abuso.

O poder público faz “vista grossa” para a dependência química, especialmente para o problema do alcoolismo. Por interesses políticos e econômicos, poucos são aqueles que abordam este assunto e desenvolvem políticas publicas de prevenção e recuperação da dependência química e da codependência.

As escolas, com raríssimas exceções, não levam a sério este problema. Poucas desenvolvem um programa de prevenção e adotam medidas eficazes para auxiliar a família e os próprios adolescentes que por ventura começam a fazer o uso destas substancias. As faculdades então, nem se fala, além de se omitirem diante de tantos universitários fazendo o uso até mesmo dentro de suas instalações, nada fazem para amenizar este problema

As igrejas da mesma forma, lideres despreparados para lidar com esta situação, mesmo tendo isto como rotina, pouco fazem na preparação no enfrentamento deste desafio. Algumas denominações, tomam a iniciativa de criarem as chamadas “Comunidades Terapêuticas”, porém de escassos recursos. Constroem templos luxuosos, mas mantem as CT’s privadas as vezes do básico.

As empresas o quadro ainda é mais grave. A maioria demite seus funcionários que estão adoecendo na dependência, muitas vezes por justa causa, empurrando o problema para a família e para a sociedade.

A imprensa, com seu viés sensacionalista, dá ênfase em vidas destruídas pelas drogas e pouco se fala no tratamento e na recuperação. Cobrem denúncias contra as clínicas e CTs mas não cobrem os trabalhos maravilhosos que existem pelo nosso país, dificultando mais ainda o enfrentamento deste problema tão grave.

E por último a família, muito mais vítima do que culpada, inserida neste contexto mais amplo coloca aqui, com suas disfuncionalidades em decorrência da tragédia que enfrenta tendo um membro desenvolvendo a doença, muitas vezes não tem força para buscar ajuda, além de ainda ter dificuldades para encontrar o tratamento adequado.

Para piorar mais ainda este quadro tão caótico, vários profissionais de saúde abraçam a ideia da legalização das drogas e a oposição ao combate às drogas. Soluções simples para um problema tão complexo.

Portanto, antes de jogar pedras em um adicto, leve em consideração estas reflexões.

Cláudio M. Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ e codependência

  • No Comments
  • 14/12/2023
× Como posso te ajudar?