Sobriedade comportamental
Certa vez, nas partilhas de grupo, os pais e mães falavam sobre a dependência dos filhos, quando uma participante, mostrando-se espantada ao ouvir os relatos, agradeceu a Deus o fato do seu filho não usar drogas. Então, um dos participantes fez a ela a seguinte pergunta: Quantos anos têm seu filho? – Vinte e cinco. Ele trabalha? – Não. Ele estuda? – Não. Ele coopera em casa? – Não. Ele respeita os membros da família? – Também não.
Existem muitos jovens ou adultos que nunca fizeram uso de droga alguma, no entanto, apresentam desajustes comportamentais piores que muitos usuários, e da mesma forma, causam transtornos e por isso precisam ser trabalhados, precisam ser corrigidos.
A falta de sobriedade não está relacionada apenas ao abuso do álcool ou ao consumo de substâncias ilícitas, mas nas atitudes de cada um. Onde está a sobriedade de um político com as cuecas recheadas de dinheiro? E o que falar de autoridades eleitas pelo povo, como seus representantes, e quando assumem o poder afanam o dinheiro público, com voracidade sem limites? O que pensar de tantos desvios, tantas corrupções e favorecimentos ilícitos? Quanta falta de ética. Quantos comportamentos “droga”.
E nós, que nos indignamos com tudo isto, como agimos? E os nossos comportamentos, como vão? Furamos filas? Não cedemos lugar aos idosos? Jogamos entulhos em terrenos baldios? Mentimos para tirar alguma vantagem? Somos grossos e estúpidos? Calamo-nos diante de um troco a mais? Oferecemos ou aceitamos vantagens para fecharmos um contrato? Abusamos dos bens públicos? Espalhamos notícias fakes, sem verificar sua procedência?
Antes de julgarmos os comportamentos do outro, devemos cuidar dos nossos. Nossas atitudes merecem, de nossa parte, vigilância constante, num trabalho permanente de construção da nossa sobriedade comportamental, pois um comportamento, quando não cuidado, também adoece e, consequentemente, adoece também aqueles que estão a nossa volta.
Celso Garrefa
Assoc. AE de Sertãozinho SP