Dependência química: Muito além da química
Quando falamos em dependência química estamos nomeando um usuário abusivo de drogas legais ou ilegais. Outros termos são utilizados com frequência como adictos, dependentes químicos ou mesmo agora, mais recentemente o TUS (Transtorno de uso de substâncias).
Não importa o nome, mas todas estas formas de nomear está doença ainda não sintetiza a gravidade da mesma. Isto é importante ressaltar porque não é possível tratar a mesma apenas com a química. Sua complexidade vai muito além de uma alteração neuroquímica no nosso sistema nervoso e distúrbios nos nossos hormônios e algum componente genético herdado dos nossos antepassados.
Vários aspectos devem ser considerados no enfrentamento desta realidade:
a) Aspectos químicos: Sim, o uso abusivo de substancias psicoativas vão afetar todo o nosso metabolismo produzindo um caos no nosso sistema nervoso. Excesso e falta de neurotransmissores serão responsáveis por alterações comportamentais impressionantes. Alguns casos, o sujeito precisa ter acompanhamento psiquiátrico para reequilibrar o funcionamento psíquico. Negligenciar esta realidade é um equívoco enorme e dificilmente o tratamento dará certo;
b) Aspectos psicológicos: Questões emocionais, mentais e traumas ao longo da história do sujeito estão sempre presentes na vida dependente químico. O espaço da escuta profissional e de seus pares é fundamental para um processo de recuperação eficiente e eficaz;
c) Aspectos sociais: Não podemos esquecer que somos seres sociais. Precisamos da convivência com outras pessoas até mesmo para ajudar no processo de autoconhecimento e de ter a sensação de pertencimento a um grupo. A dependência química vai até ao grupo dos usuários, à maneira de se vestir e a maneira de se comunicar. A inadequação social do adicto é impressionante, chegando ao ponto do seu isolamento social, inclusive dos seus familiares;
d) Aspecto Espiritual: Os seres humanos, diferente de todos os seres vivos, possuem uma necessidade enorme de se encontrar numa dimensão transcendental. O dependente químico não é diferente. Assim, o seu encontro com essa dimensão pode ser muito importante para o seu tratamento.
Assim, limitar o tratamento do dependente químico com assistência médica e medicamentosa é um erro grave. Fica aí a dica para familiares e dependentes.
Cláudio M. Nogueira – Psicólogo – Especialista em DQ