A falta que a falta faz
Certa vez, atendendo uma paciente no meu consultório, ela iniciou a sessão com um comentário que perpassou todo o período da terapia:
– Não sei onde foi que eu errei na educação do meu filho. Ele estudou nos melhores colégios da cidade, ia à igreja todos os domingos. Tínhamos viagem de férias com frequência, fez natação, academia, judô e ainda frequentava o melhor clube. Não faltou nada para ele enveredar para o mundo do álcool e das outras drogas.
De maneira direta e objetiva, eu dei o seguinte retorno para ela:
– Faltou algo muito importante na vida dele: A FALTA!
A partir daí passei a refletir com mais profundidade sobre este tema: A FALTA QUE A FALTA FAZ. Assim cheguei as seguintes conclusões:
1 – Uma pessoa que foi criada numa família abastada não aprendeu a lidar com as faltas inevitáveis da vida. Na idade adulta, quando o mundo apresentar suas “faltas”, o nível de frustração será tamanho que ela muitas vezes vai fugir desta realidade;
2 – Aprender a perder é a primeira lição que todos os vencedores aprendem. A pessoa que não teve faltas não aprendeu esta lição;
3 – A rebeldia e a transferência de responsabilidade sobre os fracassos se tornam uma máxima de quem não aprendeu a lidar com a falta;
4 – A baixa autoestima, a baixa autoconfiança e desmotivação para a vida serão companheiras inseparáveis deste sujeito;
5 – Sua vida será um eterno começar tudo e não terminar nada, afinal, em tudo existe a falta. Como ele não aprendeu a lidar com ela, ele vai fugir dela;
Sem a falta não aprendemos a lidar como a nossa condição de humana de ser um faltante. O fracasso vai anunciar uma falta tão doída que o sujeito precisa anestesiar esta dor na droga.
Lembrem-se: “Quem desenvolve músculo é quem levanta peso”
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em D.Q.