O carnaval da sobriedade
By Cláudio

O carnaval da sobriedade

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Tive a oportunidade de participar dois dias do carnaval de Belo Horizonte. Vi de perto uma multidão de gente brincando e se divertindo pulando atrás de um trio elétrico. Esta experiência produziu em mim várias reflexões que senti a necessidade de compartilhar com meus leitores e seguidores.

Como a maioria dos psicólogos(as) apaixonados pela profissão, fiquei analisando o comportamento daquelas pessoas, a maioria adolescentes e jovens no auge da sua saúde física e mental. Os aspectos que mais me chamou a atenção foram:

• O carnaval demonstra a alegria do nosso povo. Nos mostra como o brasileiro é pacífico e que o discurso do ódio não pode entrar na nossa casa e na nossa sociedade.

• Como seria bom se todos participassem da festa sem o uso do álcool e das outras drogas. Infelizmente, milhões de pessoas ainda estão sendo enganadas sendo incentivadas a fazerem uso destas substancias psicoativas. E isto é muito triste e trágico.

• Como seria bom se a alegria do carnaval continuasse a partir da quarta-feira de cinzas e em todos os dias do ano.

• O carnaval sem dúvida é a maior festa democrática e a mais popular do mundo.

• Quem ganha com o carnaval é o comércio de forma geral, especialmente o comércio legal e ilegal do álcool e outras drogas.

• Quem perde com o carnaval é o dependente químico, sua família e a sociedade como um todo.

• Eu vi que no carnaval, o consumo de maconha e do tabaco incomoda muito mais do que o consumo do álcool.

• Eu vi que dá para curtir um bloco sóbrio, porém o consumo de drogas psicoativas incomoda para caramba quem está querendo curtir de “cara limpa” e para um dependente em recuperação é uma situação de risco para uma recaída

• Por tudo isto estou lançando a ideia: Vamos montar um BLOCO DA SOBRIEDADE?

• Infelizmente, por trás de cada máscara, de cada fantasia e de cada sorriso, na maioria das vezes, tem uma lágrima escorrendo no rosto. A “alegria” do carnaval anestesiando, com a ajuda das drogas, uma dor na alma.

Deu para perceber que, apesar de ter amado a festa democrática e inclusiva, me senti impotente diante daquela realidade. Enquanto trabalho para ajudar famílias e dependentes químicos afundadas nas drogas e na codependência, vi grandes empresas financiando o consumo destas substâncias com um objetivo apenas: O LUCRO.

Precisamos mudar esta cultura de associar o lazer e a diversão com o consumo do álcool e das outras drogas. Venha com a gente neste desafio de construir uma sociedade mais sóbria e feliz.

Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ

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  • 13/04/2023
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