Terapias paralelas II
Divã II: O chefe e o funcionário
Chefe:
– Se não fosse ele na empresa eu estaria perdido. Além de ser um ótimo funcionário, supercompetente, ele se dá bem com todo mundo. Ele é tipo caxias mesmo, durante esses oito anos faltou uma ou duas vezes. Eu sei que ele merece ganhar mais, mas acho que está satisfeito, e ficar valorizando demais pode estragá-lo. É melhor esperar ele pedir um aumento. Graças a ele eu vou poder tirar uns dias para viajar sem me preocupar.
– Você já demonstrou esse reconhecimento que tem por ele?
– Eu o trato bem, com respeito, pago em dia. Já não tá bom?
Funcionário:
– Amanhã entrego minha carta de demissão. Recebi uma proposta ótima, com salário maior, além de todos os benefícios. Não que eu não goste da empresa, mas não vejo mais onde crescer. Não recebo nenhum incentivo, estou com o mesmo salário faz cinco anos. Meu chefe me trata bem, mas não valoriza o tanto que trabalho. Eu luto pela empresa como se fosse minha, mas infelizmente ele não percebe.
– Seu chefe sabe que você não se sente valorizado?
– Isso não mudaria nada, não se pede esse tipo de coisa. Ou a pessoa te valoriza ou não. A fila andou.
fonte: https://www.quarentenando.com/post/terapias-paralelas
Meu comentário:
Erro comum nos relacionamentos humanos. Por receio da reação do outro não falamos e não pedimos o que realmente desejamos. Se o chefe tivesse a sensibilidade de ouvir seu funcionário ele não o perderia. Por outro lado, se o funcionário reivindicasse a sua demanda, talvez receberia uma promoção com um salário até melhor do que o outro emprego que ele arrumou.
Tudo iria resolver de maneira que os dois sairiam ganhando. Esse é um exemplo de como uma boa comunicação assertiva faz falta. Por este motivo que, o terapeuta deve trabalhar com seus pacientes na perspectiva de resgatar a condição de sujeito, ou seja, resgatar sua capacidade de escolha e, de maneira ética e respeitosa, lutar por seus direitos.
Temos a nosso favor a linguagem, instrumento fundamental para proporcionar o entendimento entre as pessoas. Negociar é uma grande lição que todos nós precisamos desenvolver ao longo da vida.
Cláudio Martins Nogueira Psicólogo Clínico