Drogas: Intervenção familiar
Segundo Freud, a natureza humana é movida pelo ID, energia psíquica alimentada pelo princípio do prazer. O ser humano em sua essência, é uma máquina instintiva em busca do prazer ilimitado. Temos prazer no sexo, na alimentação, no cheiro, no olhar, no ouvir e nas sensações físicas. Estamos sempre em busca de conforto e prazer.
O homem que é conduzido só com a força do ID caminha para um egoísmo tão grande que sua vida social se torna praticamente impossível. Todas as vezes que ele não tem acesso a este prazer e satisfação, sua reação vai ser a raiva, a agressividade e muitas vezes até mesmo à violência.
Para equilibrar isto, a sociedade criou um contraponto neste aparelho psíquico: O SUPEREGO. Movido pelo principio da realidade, o sujeito introduz no seu inconsciente valores da cultura, da civilização e da lei.
O equilíbrio destas duas forças que vai for o nosso EGO, ou seja, a nossa personalidade e o grande mediador de um prazer possível dentro da civilização.
Assim, o ser humano se não tiver a lei para intervir, ele vai invadindo o espaço social trazendo o caos no mundo civilizatório. É exatamente isto que acontece no seio da família que vive o drama de um dependente químico. Movido pela sua doença psíquica, o DQ vai invadindo e rompendo a lei, a cultura e os valores da sociedade familiar, podendo levar a sua destruição em todos os sentidos.
É neste contexto que definimos a dependência química como uma doença multifatorial, ou seja, além do componente químico, temos a questão social familiar, a degeneração da psiquê do sujeito e um componente espiritual.
Portanto, tratar da família adoecida e enfraquecida pela codependência é fundamental para que a mesma consiga fazer uma INTERVENÇÃO FAMILIAR neste processo. Somente assim será possível fortalecer o superego familiar e equilibrar a loucura do ID inconsequente de um dependente químico. Do contrário, a doença vai seguir seu curso, ou seja, ser progressiva, crônica, “contagiosa” e fatal.
O tratamento familiar tem exatamente este propósito: conduzir uma INTERVENÇÃO FAMILIAR coordenada, assertiva e eficaz, capaz de deixar as consequências negativas do uso abusivo de drogas cair nos braços do adicto. Só assim será possível um tratamento efetivo.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ