Terapias paralelas
By Cláudio

Terapias paralelas

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Divã I: O jovem e a mãe

Filho:
– Minha mãe não tem tempo para mim. Sou a última das prioridades dela, por mais que ela me fale todos os dias que me ama. Ela vem querer conversar nas piores horas, quando estou no meu quarto ou mexendo no celular ou com a cabeça em outro lugar. Mas é ela que vive ocupada, está sempre na correria, até para me buscar da escola. Só porque tem que voltar correndo para o trabalho, grande coisa. Ela não está nem aí para mim, essa é a verdade. Com certeza nem imagina que peguei recuperação. De noite, quando eu peço massagem, ela diz que está cansada e que ainda tem que cuidar de “coisas”. Coisas, coisas, coisas … e eu?
– Você já tentou explicar o que sente para ela?
– Tá louco, ela nunca vai entender. Aliás, ela vai estar ocupada com “coisas”, não está interessada em me ouvir.
Mãe:
– Ele é um garoto incrível. Está crescendo lindamente. Generoso, bonito, divertido. Esse ano deu uma piorada nos estudos, tirou 4 de matemática, pegou três recuperações. Já marquei reunião com a coordenadora da escola. Mas está tão difícil conseguir conversar com ele, acho que é coisa de adolescentes mesmo. Eu largo tudo no trabalho para buscá-lo da escola, todos lá já sabem que isso é sagrado para mim, ele entra no carro e responde monossilábico às minhas perguntas. E nas vezes que faz o favor de sair comigo, só sabe reclamar e no fim conclui que eu sou culpada por tudo que dá errado na vida dele. Sinto falta da nossa proximidade, de quando ele me deixava participar da vida dele.
– E você já tentou falar isso para ele?
– Impossível, ele não vai nem querer ouvir. Não dá para invadir, o jeito é esperar.
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Meu comentário:
O terapeuta deve trabalhar o discurso dos seus pacientes numa perspectiva de cada sujeito, ou seja, ajuda-lo a refletir sobre onde que cada um está errando nesta relação. Transferir para o outro a responsabilidade de uma relação doentia não vai resolver estes conflitos. Só crescemos quando assumimos nossos erros. Acusar os outros nos paralisa e impede o nosso desenvolvimento.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico

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  • 13/02/2023
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