Ter dó do adicto é o pior dos sentimentos
Uma coisa é certa ter dó de um adicto só atrapalha o seu processo de despertar. O adicto na ativa é tão convincente ao se colocar no papel de vítima que acabamos caindo em sua manipulação, ele joga a culpa na família, na sociedade e no universo como se tudo que acontece em sua vida fosse uma grande conspiração. O codependente por ter um bom coração sempre sente tristeza e mágoa ao ver o adicto estragando sua vida e convive em um mix de sentimentos: pena, piedade e repugnância, porém, no final a vontade em perdoar sempre prevalece.
É por ter dó que tentamos evitar que tragédias ocorra na vida do adicto. Infelizmente, os problemas em sua vida se tornam tão crescentes quanto a sua doença. No desespero, ajudamos o adicto a se livrar de uma situação. Não demora muito ele vai se envolver em outras duas vezes piores. Eles são totalmente inconsequentes e fogem das suas responsabilidades. Eles são descuidados e indiferentes com suas ações ou falas. Não possuem seriedade em sua conduta e costumam mentir e manipular sem dó seus familiares e demais codependentes.
Infelizmente, todo codependente, antes de entrar em recuperação é movido pelo sentimento de dó. Por pena o codependente ajuda. Por pena, o codependente resolve o problema do adicto. Por pena, ele vai empurrando a vida com a barriga. Ele sente tanta compaixão pelo adicto que esquece de ter essa compaixão por si mesmo. Infelizmente, sentir dó deixa o codependente vulnerável e o adicto se aproveita dessa boa vontade e desta ingenuidade.
Quando o codependente entender que tudo que acontece de ruim foi o próprio adicto que procurou, que ele mesmo está ferrando com a sua vida por escolhas ruins, por impulsividade de atitudes errôneas, o codependente se livrará do peso da culpa.
Às vezes, depois de muito custo e tratamento, o codependente resolve tomar uma atitude. Em pouco tempo, ele se arrepende porque se sente culpado em exigir mudanças. Assim, movido pelo pior sentimento que podemos sentir por alguém (a dó), o codependente escorrega mais uma vez na recaída e todo o ciclo volta a se repetir.
O adicto não é incapaz. Ele se torna sim, “incapaz” quando tiramos dele toda a responsabilidade sobre seus atos ou quando deixamos ele continuar agindo de forma imatura e sem consequências dos seus atos. A nossa pena faz justamente isso: o adicto viver longe do seu despertar.
Portanto, nosso maior erro é achar que o adicto vive da forma que vive por ser doente e não ter escolhas. A realidade é que, o que o adicto mais tem são escolhas.
AUTORIA: Catiani Moncoscki
Adaptação: Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ