As vizinhas do condomínio
Certa vez, eu estava participando de uma reunião de familiares com problemas de álcool e outras drogas na sede da Família de Caná e tive a oportunidade de escutar um relato de uma mãe com um filho dependente de drogas. Ela disse que morava no condomínio enorme e seu filho ficava sumido horas e horas e, quando voltava chegava totalmente alterado pelas substancias. Ela não sabia mais o que fazer e se sentia muito só nesta situação.
Ela foi orientada pelo grupo a procurar uma vizinha de confiança onde ela pudesse compartilhar suas angústias, medos e incertezas nos momentos mais difíceis. Assim ela fez, procurou uma vizinha do andar debaixo do dela e falou algo assim:
– Minha amiga, eu preciso de falar uma coisa muito grave que está acontecendo na minha casa: Meu filho está usando drogas.
A vizinha assustada e surpresa teve uma reação que a amiga nunca poderia imaginar. Ela exclamou:
– O quê! O seu também?
As vizinhas estavam escondendo uma da outra esta realidade cruel: SEUS FILHOS ESTAVAM USANDO DROGAS JUNTOS.
Na outra semana, eu me lembro que esta senhora chegou na reunião com mais quatro vizinhas, todos com este mesmo problema.
Esta história nos ensina muitas coisas:
1º) – Não devemos ter vergonha quando nos deparamos com um ente querido envolvido com álcool e outras drogas. Essa foi uma escolha dele;
2º) – Os pais precisam se organizar da mesma maneira que os filhos fazem para usar drogas;
3º) – Os pais e demais familiares devem buscar ajuda de profissionais especializados nesta área e grupos de apoio para aprenderem a lidar com esta situação
4º) – A família não deve cometer o grave erro de não buscar ajuda. Enfrentar este problema sozinho ou buscar ajuda equivocada não vai resolver o problema. O Amor Exigente nos ensina: SOZINHOS ESTAMOS PERDIDOS, JUNTOS ENCONTRAMOS A NOSSA FORÇA.
O problema da dependência química e da codependência não é só da família. Ele inclui toda a sociedade, sendo assim, todos devem envolver no tratamento. Empresas, Igrejas, ONGs, escolas e os poderes públicos constituídos no país deveriam assumir esta responsabilidade de combater este mal.
Por tudo isto, o seu lugar é no tratamento. Pare de dar murro em ponta de faca. O seu amor e a sua boa vontade não vão te ajudar muito neste momento. Você precisa de ajuda especializada, de pessoas capacitadas para de orientar e te ouvir sem preconceito e sem moralismo.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ