O Poder da família – parte 03 (Continuação da edição anterior)
6 – Consequências de um casamento:
Quando uma pessoa toma a decisão de se casar, vários rearranjos precisam ser estruturados. Além de afetar diretamente o sistema organização das famílias de origem, vai acontecer também a formação de vários subsistemas entre as duas famílias envolvidas neste enlace. Não é exagero afirmar que esta união não é de duas pessoas, mas sim, de duas famílias.
A necessidade de acomodação de todos os membros envolvidos é evidente e, de maneira inconsciente, os papeis vão sendo assumidos pelos indivíduos na medida em que as relações interpessoais vão se afirmando.
Basicamente, teremos nestes subsistemas familiares quatro tipos de relações afetivas/sociais
a) As relações complementares: são aquelas onde eu tenho algo que você não tem e o mesmo acontece ao contrário. São convivências mais tranquilas e muitas vezes ambos saem ganhando com estas trocas. Porém nem tudo são flores, à vezes, a divisão rígida das tarefas entre o casal pode produzir um afastamento do mesmo, podendo gerar crises na vida conjugal;
b) As relações simétricas: são aquelas em que, apesar de serem diferentes, o casal consegue estabelecer um consenso nos processos decisórios em condições de igualdade. O problema aqui é que muitas vezes, o casal inicia um processo de disputa entre eles, sempre buscando mais poder em detrimento do outro;
c) As relações simbióticas: São aquelas que se fundem no mito da “uma só carne”. Este casal compromete a individualidade de cada um. Não possuem segredos entre eles e a invasão de privacidade é frequente na rotina do casal. A perda de identidade pode acarretar comprometimentos na vida profissional e pessoal dos envolvidos
d) As relações reciprocas: são pessoas que conseguem o equilíbrio dos três modelos anteriores, utilizando os mesmos de acordo com a realidade que estão vivendo. A reciprocidade dos afetos é uma marca desta família. Infelizmente, este ideal quase não é alcançado. Ele requer muita maturidade do casal
É neste contexto que a família inicia seus laços afetivos. Esse processo de adaptação vai do desengajamento ao emaranhamento, ou seja, o casal não raras vezes sente um desejo enorme de acabar com aquele engajamento com tanta intimidade e, ao mesmo tempo, à cumplicidade do emaranhamento.
Todo esse movimento vai possibilitar o casal a se preparar para receber seus filhos. Bem, isto já é outra matéria. Não percam!
Continua na próxima edição
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em DQ
Obs.: Texto baseado no livro: O poder da família – A dinâmica das relações familiares
Autor: Michael Nichols – Edição esgotada no Brasil