Maria Medalha
Algumas pessoas passam na nossa vida como um relâmpago que ilumina todo o nosso “céu” e nunca mais a gente esquece dela. Assim aconteceu quando eu tive o privilégio de conhecer a Maria Medalha.
Participando de uma reunião aberta do AA onde mais de 200 pessoas lotavam uma quadra de esportes de uma escola, tive a honra de ouvir o relato de experiência desta mulher. Suas falas não foram as mais importantes que eu ouvi naquela noite. Para dizer a verdade, não lembro do conteúdo delas.
Mas o que me marcou profundamente foi seu comportamento. Uma senhora simples, que aparentava ter poucos recursos financeiros, se apresentava muito bem vestida. Seu vestido azul longo, seu rosto todo maquiado e, o que mais me chamou minha atenção foi sem dúvida, o seu colar de medalhas dos anos de sobriedade que acumulava.
Para quem não sabe, o participante dos grupos de Alcoólicos Anônimos que ingressam na irmandade receber uma medalha que a cada três meses de sobriedade até completar 01 ano. A partir daí, todos os anos este ritual se repete. A nossa protagonista tinha um colar repleta delas e, com muito orgulho, mostrava a todos tantos anos de vitórias.
Costumo dizer que, enquanto um adicto não se tornar uma “Maria Medalha”, ou seja, ter orgulho de pertencer a uma irmandade tão abençoada como o AA, terá dificuldades enormes para se manter sóbrio.
Infelizmente, nunca mais a vi e, recentemente, um companheiro do AA me comunicou que nossa “Maria Medalha” veio a falecer. Que Deus a tenha com suas medalhas no peito e só temos que agradecê-la por ter deixado este legado para as gerações de hoje e do futuro.
Da mesma maneira, o codependente alcançara sua sobriedade quando ele assumir seu compromisso com o grupo de apoio e se orgulhar dele.
Pensem nisto dependentes e codependentes.
Cláudio Martins Nogueira -Psicólogo Clínico