Drogas e dependência psíquica
Um dos temas mais polêmicos do mundo contemporâneo sem sombra de dúvida é o problema do consumo de drogas. Políticos, cientistas, médicos e especialistas da área não conseguem chegar num consenso sobre qual seria a melhor maneira de conviver com estas substancias psicoativas.
Por um lado, temos aqueles que defendem a ideia de legalização do consumo de todas as drogas ilícitas. De maneira oposta, tem a turma da campanha “guerra às drogas”. Enquanto estes polos antagônicos brigam, o tráfico corre solto e a doença da dependência química continua fazendo suas vítimas.
Contrariando esta tendência conflituosa que paira sobre este tema, prefiro trazer argumentos técnicos e científicos sobre como as drogas atuam no nosso cérebro e, como consequência, em todo o nosso corpo. Neste texto vamos nos ater apenas a dependência psíquica, ou seja, os danos causados por estas substancias na nossa mente.
Quando o sujeito começa a fazer uso das substancias psicoativas elas atuam diretamente no seu SRC (Sistema de Recompensa Cerebral), ou o chamado Sistema Límbico.
Como resultado disto, o usuário terá uma sensação de prazer enorme que ficará registrada na sua psiquê (mente). É este registro psíquico que chamamos de dependência psíquica.
O cérebro é “treinado” para aliviar a dor e ir em busca da satisfação e prazer. Assim, ele evita o sofrimento e busca o prazer. Como as drogas vão dar muito prazer, o sujeito terá a tendência de voltar ao uso/abuso destas substâncias. Este processo pode levar a Tolerância e a dependência física.
Algumas pessoas, ainda não se sabe o motivo deste fenômeno, possuem uma maior capacidade de absorção destas substâncias, aumentando assim o consumo e o prazer de maneira exacerbada. São estes que irão desenvolver a dependência química.
O processo de adaptação física e psíquica às drogas tem um nome: Tolerância. Para se ter o mesmo prazer, o usuário precisa de doses cada vez maiores, mais frequentes e de drogas mais potentes. Ao longo da vida, esta tolerância vai desencadear a dependência física, já que a psíquica foi instalada desde a primeira dose que deu “onda”, na gíria dos adictos.
Para complicar ainda mais este quadro, as drogas vão atuar em outra área do cérebro chamada NEOCORTEX, responsável pelo senso crítico e raciocínio lógico. Assim, o dependente químico perde a autocrítica, se tornando incapaz de perceber a sua própria doença e as consequências dela no seu meio social.
Por tudo isto, a família, as empresas e a sociedade como um todo tem que intervir neste processo autodestrutivo, afinal, ao desenvolver a dependência química, o sujeito não destrói só ele, mas sim, toda sua família e a sociedade também.
Claudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em dependência química