Nossos recursos são limitados
Na tentativa de nos enquadrarmos aos padrões de uma sociedade consumista, somado ao desejo de dar aos nossos filhos tudo aquilo que não tivemos, fizeram com que nos esquecêssemos de que possuímos recursos limitados e com isso, muitas vezes gastamos mais do que ganhamos, comprando coisas que nem sempre precisamos e nos endividamos. Apelamos para os cartões de créditos, com seus juros exorbitantes, e facilmente estouramos todos os limites dos nossos recursos financeiros.
Somos pressionados a pagar o que devemos e para cumprir com os compromissos, precisamos trabalhar mais, arrumar bicos nos horários vagos, fazer horas extras, trabalhar nos fins de semana e assim, extrapolamos os limites dos nossos recursos físicos.
As pressões aumentam, o clima na casa torna-se insuportável, nossa saúde começa a ser afetada: a cabeça dói, o estômago doí. As preocupações não nos permitem dormir bem à noite. Somos afetados pela ansiedade e pelo estresse, que nos levam a compulsões. Por vezes, comemos demais, bebemos demais, fumamos demais, dormimos demais ou de menos e experimentamos o desespero. Como consequência, extrapolamos os limites dos nossos recursos emocionais e afundamos em antidepressivos.
Precisamos parar. É hora de revermos nossos conceitos e traçar metas para reorganizar nossa vida. Precisamos aprender a dizer “não”, primeiro para nós mesmos: não, isso eu não preciso; não, isso eu não quero; não, isso eu não posso; não, isso eu não aceito. É hora de reavaliarmos nossos recursos e aprender a respeitá-los.
Também precisamos transmitir ao outro, com muita clareza, que não somos um banco e nem máquinas. Somos apenas gente e não uma fonte inesgotável de recursos, disponíveis o tempo todo. É hora de aprendermos que não somos obrigados a tudo e possuímos o direito de também dizer “não” como resposta.
Caso não o façamos, continuaremos sufocados e adoecidos. Continuaremos a ser explorados, manipulados, cobrados e exigidos em coisas que não estão ao nosso alcance. Precisamos de coragem e atitude para modificarmos esse processo doentio e retomar o equilíbrio na busca de uma vida com melhor qualidade.
Conscientes dos limites dos nossos recursos, devemos nos posicionar de maneira que possamos barrar toda forma de pressão, de manipulação, de chantagem. Parar de sermos o alvo de pessoas que nos exploram, sem pena ou piedade, inclusive filhos folgados que sugam tudo o que podem, sem pudor e sem piedade, com o infantil discurso de que não pediram para nascer.
Por fim, não devemos temer que o respeito aos nossos limites seja algo que vai nos paralisar, deixando-nos estagnados e muito menos utilizá-los como justificativa para a acomodação. Não é isso. Limites é, acima de tudo, proteção. Quando possuímos clareza de quais são os limites dos nossos recursos podemos traçar metas para avançar sem nos arrebentarmos, podemos seguir em frente, crescer, melhorar, ir além, viver melhor e evoluir, porém, com saúde, equilíbrio e segurança.
Celso Garrefa
Sertãozinho SP