Alcoolismo e sua dependência física
Um dos órgãos mais afetado pela droga álcool sem sombra de dúvidas é o fígado. Além de provocar a cirrose, doença degenerativa deste órgão, o álcool terá uma atuação peculiar no fígado da pessoa que nasceu com a predisposição orgânica para o desenvolvimento desta doença chamada alcoolismo. Apesar de ainda ser um mistério a causa deste fenômeno, hoje temos algumas explicações sobre o mesmo.
O fígado funciona da seguinte maneira ao se deparar com a presença desta droga:
Quando o fígado recebe o álcool, ele vai produzir uma enzima chamado ÁLCOOL DESIDROGENASE (ADH) que por ligações químicas neste órgão vira o ACEDALDEÍDO, substância esta responsável pelos efeitos negativos do álcool como tonturas, náuseas, dores de cabeça, etc.
Para amenizar estes efeitos, o fígado vai produzir o ALDEIDO DESIDROGENASE (ALDH) que tem a função de quebrar o ACEITALDEIDO, transformando o mesmo em ACETATO, amenizando assim os efeitos negativos do álcool no organismo.
O que acontece com o alcoolista é que o seu fígado produz uma grande quantidade da enzima ALDEIDOHIDROGENASE (ALDH), amenizando assim os efeitos colaterais do álcool. Desta forma, o alcoolista passa a sentir apenas os efeitos positivos do uso da droga. Como consequência disto, ele vai aumentando a frequência e a quantidade do consumo, desenvolvendo assim a tolerância e a dependência física da droga.
Como o álcool possui uma temperatura natural acima do nosso corpo, o excesso desta substância pode começar a “queimar” os milhões de micro vasos existentes no fígado, dificultando assim o bom funcionamento deste órgão. Isto pode ao longo dos anos ter como consequências graves como acúmulo de gorduras. hepatite alcoólica, cirrose e até mesmo um câncer no fígado.
Ao ser metabolizado, o álcool vai atingir a corrente sanguínea, depois o coração até atingir o Sistema Nervoso Central, especialmente no cérebro. Neste órgão, esta droga vai atuar no Sistema de Recompensa Cerebral (SRC), responsável pelas sensações de prazer e no Neocortex, responsável pelo senso crítico e racionalidade. No sistema límbico (SRC), o álcool vai produzir uma descarga excessiva de neurotransmissores sedativos (inibidores) do nosso corpo como as endorfinas e encefalinas. Para complicar ainda mais, ele reduz a produção de neurotransmissores estimulantes como a adrenalina e dopamina.
Na falta do álcool no organismo, a ressaca física e psíquica é tamanha que o sofrimento na crise de abstinência pode induzir o alcoolista à próxima dose, alimentando o ciclo da adicção. Por tudo isto que o alcoolismo é considerado uma doença e como qualquer outra, precisa ser tratada.
Claudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico – Especialista em dependência química