Os dez traços de um codependente III
Traço n:5 – Do mesmo modo, o codependente se sente desmesuradamente responsável pelos outros:
A maioria dos codependentes sente que são responsáveis pela vida dos outros dependentes. O sentimento de culpa faz parte da sua rotina e ele acredita que a causa de todo o sofrimento do dependente é a sua incapacidade de oferecer a ele o que precisa. O pensamento mágico tão característico deste transtorno é a ideia de que se eu esforçar mais e mais o dependente vai me valorizar.
Desta forma, os codependentes continuam a tratar o dependente como se o mesmo fosse uma criança. A necessidade de proteção, de controle e de cuidados é tão grande que ele se esquece de si mesmo, chegando ao ponto do autoabandono.
Esta proteção é importante para uma criança. Para um adolescente e adulto é uma proteção que desprotege, gera revolta e a indisciplina, alimentando conflitos frequentes entre os codependentes e dependentes.
A infantilização do adulto vai ocorrer nesta situação, trazendo como consequências comportamentos antissociais de ambas as partes. A insanidade toma conta dos sujeitos envolvidos.
Traço n:06 – O relacionamento do codependente com o cônjuge ou outra pessoa significativa (OSP) é desfigurado pelo instável desequilíbrio entre dependência e independência:
Uma relação doentia. Talvez esta seria a melhor maneira de definir a relação entre o codependente e o dependente. Enquanto o codependente é viciado em dar, o dependente é viciado em receber. Ambos estão presos no ciclo viciante. Movimentos contraditórios são frequentes nesta relação. Apesar da simbiose existente entre as partes, a independência é muito comum. Exemplo clássico disto são as saídas de dias do dependente químico sem nem dar satisfação para os seus codependentes. Por causa disto, o contrário da codependência não é a independência, mas sim, a interdependência.
A interdependência é a construção de uma relação de “mão dupla”, ou seja, tem momentos que um lado dependente do outro e a sua inverte mudando o fluxo de demandas. Toda relação saudável é interdependente. Ambos os lados possuem ganhos. Neste contexto não existem manipulações, chantagens emocionais, sentimentos de exploração e adoecimento psíquico.
O tratamento deve ter isto como prioridade. Só assim seremos capazes de melhorar nossa qualidade de vida em todos os aspectos. Vale a pena tentar.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico
Baseado no livro: “O amor é uma escolha”- Autores: Dr. Robert Hemfelt, Dr. Frank Minirth e Dr. Paul Meier.