A moldura
Certa vez, conversando com um residente da Fazenda de Caná, aprendi uma grande lição que acredito ser importante compartilhar com todos os nossos leitores.
O referido residente estava trabalhando na sala de molduras quando o padre Oswaldo (idealizador e fundador da fazenda) chegou de surpresa n sala e encontrou o jovem assentado aparentemente não fazendo nada.
Imediatamente perguntou ao jovem:
– você não está trabalhando? Por que está aí sem fazer nada?
O jovem com a serenidade adquirida com alguns meses de internação, respondeu:
– não, padre, estou esperando a cola secar.
Ao relatar este fato, este jovem em seguida faz uma pequena reflexão sobre esta frase:
“estou esperando a cola secar”.
Para ele, há momentos na vida que não podemos fazer mais nada além de esperar, tudo tem seu tempo e sua hora. É preciso muitas vezes deixar as coisas acontecerem naturalmente. Ficar ansiosos, estressados e angustiados só vai atrapalhar a “moldura” tendo que começar tudo novamente.
A virtude da paciência deve ser cultivada com frequência, afinal, saber esperar é uma arte e fazer no momento lento é a obra do artista.
Para construir a “moldura” da nossa vida temos que esperar a cola secar, as experiências cicatrizarem, a semente nascer.
Como diz o poeta: “não apresse o rio… Ele tem a sua própria correnteza”.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo clínico