Os dez traços de um codependente
Traço n:1 – O codependente é guiado por uma ou mais compulsões: Antes de discorrer sobre este traço é importante definir o que seria compulsão:
Compulsões ou rituais compulsivos ou simplesmente rituais são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a executar para diminuir ou eliminar a ansiedade ou o desconforto associado às obsessões ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente (DSM V). São atos voluntários realizados em resposta às obsessões, com a intenção de afastar ameaças (contaminação, a casa incendiar), prevenir possíveis falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico. São comportamentos claramente excessivos aos quais o indivíduo não consegue na maioria das vezes resistir.
Da mesma forma que o dependente químico desenvolve a compulsão pela droga, o codependente vai evoluindo no “leque” das suas compulsões. Muito comum ele desenvolve a compulsão por trabalho, comida, jogos de azar, limpeza, acumulação, compras, sexo e, é claro, o mais frequente: controlar os outros, especialmente o dependente.
A obsessão do familiar codependente é tamanha que pode leva-lo a abrir mão de sua própria vida na busca insaciável de tentar controlar o outro dependente. O autoabandono se instala e o adoecimento físico, psíquico e emocional será inevitável.
Este traço deixa claro para a família a necessidade da mesma buscar ajuda. Os codependentes precisam entender que a única saída é tratar da sua própria doença. Como resultado disto quase sempre é o dependente buscar e pedir ajuda. O resgate do autocuidado, a busca por uma melhor qualidade de vida e a recuperação da autoestima e da autoridade é fundamental para a solução deste problema. Vale a pena se tratar.
Traço n:02 – O codependente é compelido e atormentado pelo jeito que as coisas eram na família disfuncional de origem: Em outras palavras, quando nos aventuramos na construção da nossa história constituindo nossa família e nossa vida profissional e social, nós carregamos toda as experiências vividas na nossa família de origem. Esta herança “social e genética” vai nos acompanhar por toda a vida. Podemos afirmar sem medo de errar que o passado na verdade não passou. Ele interfere diretamente no nosso presente, seja com os traumas, medos, crenças, sentimentos e no desejo insaciável de consertá-lo.
É exatamente neste desejo que o codependente se fixa. Na ânsia de consertar as disfunções da família de origem, ele de forma inconsciente reproduz esta realidade nos seus relacionamentos do presente. Exemplo clássico disto é a filha de um dependente químico. Sua atração por um dependente é incontrolável e, salvo se ela não busque um tratamento para sair da codependência, tende a repetir a relação que ela tinha com o pai na relação com o seu marido.
O codependente é compelido, ou seja, pressionado de tal maneira que ele é atormentado por este desejo. Sua razão te convida a evitar toda e qualquer situação semelhante o que viveu na família de origem, porém, o desejo inconsciente de resolver isto reproduz as mesmas cenas.
Por este traço que é importante fazer o inventário moral ou a escrita terapêutica sobre a sua história de vida. Resignificar este passado vai conduzi-lo ao perdão e não raras vezes o sentimento de gratidão poderá aflorar contribuindo com o desmonte deste traço e consequentemente, pela melhora dos quadros codependentes
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico
Baseado no livro: “O amor é uma escolha”- Autores: Dr. Robert Hemfelt, Dr. Frank Minirth e Dr. Paul Meier.