A criança no supermercado
Dizem que levar crianças ao supermercado é prejuízo no bolso e que o melhor é deixá-las em casa, mas ao contrário disso, acredito que levá-las às compras são possibilidades educativas extraordinárias.
São muitos os ensinamentos a transmitir aos pequenos durante as compras. É um ótimo lugar para ensinar noções de limites. No supermercado os pequenos estão diante de muitas tentações, mas como na vida, ninguém pode tudo, eles também não podem sair pelos corredores limpando prateleiras e enchendo carrinhos. Existem regras.
Podemos ensiná-las a fazer escolhas. Em uma lista de exigências com chocolates, biscoitos, balas, etc. podemos pedir para que façam escolhas, dentro de um parâmetro pré-estabelecido. Se mais tarde não gostou do que escolheu, nada mais podemos fazer. É importante que aprendam os dissabores de uma escolha mal feita.
Também é um ambiente em que as birras se manifestam com maior intensidade e é o local ideal para ensiná-los que seus escândalos não nos comovem. Que estamos dispostos a analisar os seus pedidos, mas que no grito não conseguirão nos convencer.
Não é adequado fornecermos produtos para a criança consumir dentro do estabelecimento, com exceção feita às áreas de alimentação. Podemos ensinar que o produto só nos pertence após efetuarmos o pagamento no caixa. Nenhuma criança morre de fome durante uma compra, além disso, em uma época marcada pelo imediatismo, é fundamental que aprendam a esperar por algo.
Dá para ensinarmos também a cooperação, por exemplo, permitindo que nos ajudem a escolher as frutas ou nos auxiliem com as sacolas, obviamente respeitando suas capacidades. Esse envolvimento é essencial para o fortalecimento dos vínculos afetivos, fundamentais para uma futura relação familiar sadia.
Quem busca a paz momentânea, melhor deixá-los em casa, mas não é esse o desafio de uma boa educação. Como citou o professor Neube José Brigagão, em seu livro Mostrar Caminhos, “Filhos são um investimento a médio e longo prazo”. Ao levarmos conosco podemos nos deparar com situações embaraçosas, como um choro histérico, uma birra perturbadora, mas enfrentar esses desafios, enquanto ainda pequenos, é o que produz aprendizados, preparo para o futuro e autonomia, portanto, não tenham medo: levem seu filho ao supermercado.
Obs.: Em tempos de pandemia, melhor deixá-los em casa.
Celso Garrefa
AE de Sertãozinho SP