Precisamos divulgar o A.A.
Estou convencido de algumas coisas:
Primeira: o alcoolismo é a terceira doença que mais mata no mundo! Logo é o maior problema social já que ela é passível de tratamento.
Segunda: a medicina tem-se revelado ineficaz no controle do alcoolismo; o mesmo posso afirmar com relação à Psiquiatria e Psicanálise.
Terceira: não existe nem de perto, método mais eficaz para controlar a compulsão patológica do álcool do que aquele desenvolvido pelos Alcoólicos Anônimos. A experiência dos últimos 85 anos é que atesta a verdade desta afirmação. Nada se compara a Os Doze Passos efetuados dentro do A.A. para não se voltar a beber. Os AlAnons (Grupos direcionados para familiares alcóolicos) e Alateens (Grupos direcionados a crianças e adolescentes de pais alcóolicos) complementam ainda mais poderosamente a eficácia do A.A.
Quarta: por causa dessas convicções, torna-se fundamental divulgar as ideias e métodos de A.A. sobre alcoolismo, para um numero máximo de pessoas. Uma revista é mais uma maneira de divulgar essa tão importante Instituição. Saúdo, portanto, o lançamento da Revista Brasileira de Alcoólicos Anônimos, colocando-me inteiramente à sua disposição, dando-lhe autorização, inclusive, de publicar, o que lhe aprouver, de minha autoria.
Antes de concluir quero somente dizer o seguinte: considero o A.A. uma Instituição extraordinariamente moderna, protótipo do que, espero, venha acontecer no século XXI: a sociedade, ela própria, cuidando de si mesma. Isso sem tutelas de Estado, políticos e interesses econômicos.
E o A.A. pra mim é isso!
Dr. Eduardo Mascarenhas
Rio de Janeiro, 23 / Out / 85
REVISTA BRASILEIRA DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS – ANO I – N°.0 – S. PAULO-SP-NOVEMBRO 1985 – página 2 (verso da capa)
Adaptações: Cláudio Martins Nogueira
Meu comentário:
Apesar do sucesso inquestionável da eficácia do programa do AA, temos que reconhecer que o problema do alcoolismo e os desafios do tratamento ainda são uma realidade cruel. Infelizmente, poucos são os alcóolicos e familiares que aderem a este programa.
Diante desta realidade, a sociedade civil tomou a iniciativa de fundar as Comunidades Terapêuticas, modelo de tratamento onde o dependente químico possa se retirar do seu ambiente social por um tempo, afastando assim da substância e da sua família codependente para um tratamento mais intensivo.
Recentemente, os modelos das Clínicas Terapêuticas com a internação involuntária estão se tornando uma necessidade em vários casos onde o dependente químico perdeu sua condição de sujeito, ou seja, de ter condições de decidir sobre a sua própria vida e que coloca a sua vida e a de terceiros em risco.
Enfim, como o texto acima sugere, a sociedade civil esta sim encontrando, apesar de muito lentamente, soluções para seus próprios problemas. O Estado deveria dar o suporte financeiro e de supervisão a estas iniciativas promissoras, contribuindo assim com a qualidade dos serviços prestados.
Precisamos de todos: grupos de apoio, Comunidades Terapêuticas, Clínicas, Hospitais, médicos, psicólogos, religiosos, voluntários, Estado, Empresários, etc. A sociedade organizada enfrentando estes desafios tão grandes.
Vamos juntos construir um mundo mais saudável, mais sóbrio e cada vez melhor.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico.