Codependente pavão e avestruz
Tentando explicar as várias formas de manifestação da codependência eu cheguei a estas incríveis aves. Antes de aprofundar neste assunto é preciso deixar claro sobre o que é a dependência.
Segundo a autora Melody Beattie no seu livro Codependência Nunca mais ela é:
- “É uma doença resultante da prática e da exposição prolongada do indivíduo às regras opressivas, que o impeça de expressar abertamente, e ou, discutir diretamente os problemas pessoais e interpessoais.”
Assim sua origem esta na primeira infância, onde a criança cresceu num ambiente onde não podia falar de suas angústias e problemas. Neste contexto, a autoestima deste ser indefeso foi comprometida e o desejo latente de ser amado e reconhecido como alguém de valor ficou retido.
Esta criança perpassa a adolescência chegando à idade adulta precisando ser amada e reconhecida. A carência afetiva, juntamente com a baixa autoestima vai induzi-la a relacionamentos abusivos. A origem da dificuldade de dizer “não” é esta: Se disser “não” não serei amada.
O que o codependente não entende é que se ele não se valorizar ninguém vai fazê-lo. O medo de perder seu Objeto de amor só não é maior do que sua culpa. Ele sempre tem um sentimento de devedor. É óbvio que este lugar psíquico vai provocar seu adoecimento de tal maneira que ele pode tomar duas posturas distintas.
1 – O pavão: Assim como o pavão que diante de uma ameaça abre seu rabo, suas asas e toma uma postura de ataque ou fuga, o codependente pavão é aquele que veste a capa do super herói em busca de salvar seu dependente. Ele faz verdadeiras tempestades em copo d’água e todos ao seu arredor ficam desesperados sem saber o que fazer diante de tanta loucura. Faz muito barulho e demora aceitar ajuda.
2 – O avestruz: Este codependente tem uma postura diferente diante à ameaça das drogas na família. Sua reação é fazer igual ao avestruz (lembrando que isto é lenda. Esta ave não faz isto). Enfia a cabeça dentro de um buraco para não ver o perigo. Assim ele tem a ilusão de se sentir protegido. A negação é a marca deste codependente. Descrente, desiludido, pessimista e omisso, ele transfere toda a responsabilidade para o codependente pavão.
Na maioria dos casos, as mulheres se estruturam na codependência pavão e os homens no avestruz. Ambos devem buscar ajuda em grupos de apoio, profissionais especializados e conhecimentos específicos. Só assim será possível encontrar uma saída.
Cláudio Martins Nogueira- Psicólogo Clínico – Especialista em dependência química.