Drogas e família: fases do tratamento – Parte X
Décima fase: Lidando com tropeços e recaídas
A família:
Após algum tempo da saída do residente da Comunidade Terapeutica (CT) ou da clínica, a família tende a relaxar no tratamento. A autoconfiança a cada dia aumenta na medida em que o dependente se mostra focado e determinado no processo de sobriedade. Sem perceberem, os familiares começam a faltar às reuniões, raramente pega em um livro ou assistem a um vídeo abordando o assunto. Todos passam a acreditar que o pesadelo acabou e que a família ficou livre das drogas e da codependência. O retorno a rotina é inevitável. Os costumes do passado começam a voltar e, infelizmente, alguém desconfia da recaída do dependente.
Algumas famílias que permaneceram em tratamento, conseguem lidar com isto de maneira mais natural transformando uma possível recaída a um simples e preocupante tropeção.
Agora a grande maioria dos familiares vai fazer o contrário, ou seja, transformar um simples e preocupante tropeção em uma grave recaída. Pelo despreparo emocional e com a codependência à flor da pele, o caus se instala com muita facilidade.
O retorno ao tratamento será inevitável.
O dependente:
Assim como os familiares, o dependente tende a se afastar das reuniões na medida em que ele supera os primeiros obstáculos. A prioridade se torna outras. O trabalho, o lazer, os estudos, o esporte e o ganhar dinheiro passam a ser mais importantes do que a sobriedade.
Assim, o tratamento é negligenciado. Não raro ele passa a faltar nas reuniões, na igreja, nas sessões com o psicólogo e para de tomar os medicamentos por conta própria. Sem perceber, os problemas rotineiros começam a afetar o seu estado emocional e, com a facilidade de ter acesso aos recursos financeiros ele é tentado a retomar sua vida boêmia, afinal, uma cervejinha só depois de tanto tempo não vai fazer mal algum.
O distanciamento do programa vai deixando ele cada vez mais fragilizado e quando assusta, ele está lá novamente aumentando as doses e voltando às drogas de preferência. Infelizmente, as recaídas são muito dramáticas para o dependente também. O sentimento de fracasso e de culpa, tristeza e angústia domina a sua mente ao ponto de alguns pensarem até mesmo no autoextermínio.
O retorno ao tratamento será inevitável
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico.