A galinha dona Clotilde
Certa vez a galinha Clotilde estava chocando seus ovos quando 10 pintinhos chegaram a nascer. Dona Clotilde quase morreu de alegria e de preocupação ao mesmo tempo. Ela desesperada exclamou:
– Meu Deus como eu vou criar dez filhos de uma vez?
Não adiantava ficar reclamando… Os “bebes” estavam sedentos de sede e de fome. Ela teria que ir à luta. Logo começou a pastar em busca de insetos, minhocas e canjiquinhas que o seu dono colocava.
Dona Clotilde defendia suas crias com “bicos e unhas”. Ninguém podia chegar perto dos seus amados filhotes. Avançava em gaviões, em cobras e até mesmo em pessoas. Era uma “leoa” para defendê-los.
O tempo foi passando e os seus filhotes foram crescendo. Como uma boa mãe codependente, ela sempre tentava colocar todos debaixo dela, mas, a cada dia, isto se tornava mais difícil. Ela ficava desesperada, tentando todas as formas de protegê-los debaixo das suas asas.
Alguns franguinhos já bastante empenados e começando a criar esporas e cristas começavam a se desprender da mãe. Já subiam nas árvores sozinhos e a dona Clotilde gritava:
– Desce daí “menino levado, você vai cair daí”.
Ao amanhecer do dia, todos os dez filhotes já saiam correndo e a dona Clotilde ficava sem saber como controlar tanta energia para todos os lados. Afinal, ela já estava cansada. Não tinha mais aquele pique de outrora.
Mas a galinha codependente dona Clotilde insistia de todas as maneiras a controlar seus filhos, afinal, mãe é padecer no paraíso, precisa resolver todos os problemas dos filhos. Quanto mais ela tentava este controle, mais descontrolada ela ficava. Em poucos dias a nossa querida Dona Clotilde já não aquentava mais. Passou a se alimentar mal e ficar muito triste pelos cantos porque não recebia noticias dos seus filhos. Começou a entrar em depressão e se tornou extremamente explosiva e mal humorada.
Dona Clotilde negligenciou seus cuidados básicos e não demorou muito os seus donos perceberam que ela estava emagrecendo e parecia doente. Para não perde-la, resolveram comê-la e fazer um delicioso quiabo com angú e uma galinha da roça bem cozida.
Seus “filhos(as)” continuaram seguindo suas vidas normalmente, apesar da dor de perder a querida mamãe codependente Dona Clotilde.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico