Dez erros da família com problemas de drogas – Parte 1
Recentemente, enviei através dos meus contatos do whatsapp os dez erros da família com problemas de drogas. Para minha surpresa, a repercussão destes erros foi tão grande que resolvi compartilhar com os nossos leitores. Eu mesmo me surpreendi com o fato da grande maioria das famílias que enfrentam este desafio cometer os mesmos erros. Vejamos quais são:
1º erro: Demora buscar ajuda profissional: Quando a família se depara com este problema, durante muito tempo ela nega a doença e acredita que com seus próprios recursos vai resolver o problema. Num segundo momento ela procura ajuda em locais errados. É muito comum procurar ajuda com pessoas desqualificadas, como por exemplo, parentes, vizinhos, colegas de trabalho, igrejas, psicólogos e médicos. A grande maioria dos casos, eles pouco ou nada entendem da dependência química e muito menos do tratamento. Procurar psicólogos, médicos e grupos de apoio com vasta experiência no assunto é fundamental para o sucesso do tratamento.
2º erro: Começa a questionar muito o programa de tratamento: Depois de muitos anos de sofrimento convivendo com o adicto, a família percebe que o problema se agrava cada vez mais. Quando a família toma a iniciativa de buscar ajuda especializada, ela tem o costume de cometer este segundo erro. O choque cultural, de crenças e valores é enorme. Ela começa a questionar todo o programa terapêutico, acreditando que é do jeito dela que é o correto. Algumas acabam se afastando do tratamento, retornando futuramente numa situação muito pior do que a anterior. Pergunte para conhecer o programa, mas não duvide da sua eficácia. Afinal, do seu jeito não estava dando certo.
3º erro: Focar o tratamento só no dependente: Neste erro, a família tem certeza absoluta que só o dependente que precisa de ajuda. Busca desesperadamente um psicólogo, um médico, uma clínica ou Comunidade Terapêutica para o dependente. Ela não consegue se enxergar doente. A negação do codependente é muito parecida com a do dependente. Mudar os holofotes do tratamento para toda a família é essencial para o sucesso da abordagem.
4º erro: A família trabalha para evitar a crise quando tem que precipitá-la: o grande paradoxo do tratamento do dependente químico esta exatamente neste erro. A frase “Se o dependente esta na ativa, você ajuda quando não ajuda e atrapalha quando ajuda” sintetiza isto. A única coisa que a família codependente consegue com a facilitação é adiar o fundo do posso, adiando assim o tratamento. Longos anos de sofrimento de todos. O caminho correto é o inverso. Como diz o Amor Exigente: tomar atitudes para gerar a crise que deve ser administrada nos grupos de apoio.
5º erro: A família dá muita mordomia quando deveria tirar: Os Alcoólicos Anônimos afirmam de maneira categórica: “o dependente só aceitará ajuda quando chegar no fundo do poço”. O que a família consegue dando tanta mordomia ao dependente é exatamente evitar o fundo do poço. Começar a tirar as mordomias é o primeiro passo para iniciar o tratamento.
6º erro: A família investe na doença e não no tratamento: Enquanto a família ficar investindo na doença, ou seja, pagando as dívidas do dependente, financiando e comprando bens, pagando advogados, traficantes, etc., o dependente vai continuar usando drogas e a situação vai ficar cada vez pior. Muitas vezes a família gasta fortunas financiando a doença e, quando vai investir no tratamento, ela fica pechinchando o psicólogo e a Comunidade Terapêutica mais barata. Ela se esquece de analisar a relação entre os custos e os benefícios.
7º erro: A família fala de mais e faz de menos: Os codependentes possuem o péssimo hábito de falar muito. Nas suas crises emocionais costumam discutirem de maneira excessiva e repetitiva com os dependentes. Ameaçam, gritam e depois se arrependem e, movidos pela culpa, fazem exatamente o contrário de tudo aquilo que falaram. Assim, os codependentes devem aprender a agir e não a reagir. De maneira objetiva e racional, abordar o dependente olhando nos seus olhos e serem bem incisivos. Demarcar os limites sempre acompanhados das possíveis consequências. Não render muito o assunto. Escolher o momento certo para falar, de preferência na hora da ressaca.
8º erro: entregar sua vida na mão de outro doente: A família codependente chega ao ponto de se entregar totalmente ao dependente químico. É conhecida aquela famosa frase das mães ditas dedicadas: “Se meu filho estiver bem eu estarei bem, se ele tiver mal, eu estarei mal”. Isto é codependência pura. Nós temos que ir a busca do nosso tratamento, independente da escolha do dependente. Aliás, nos momentos que nosso filho estiver pior é exatamente o momento que a gente precisa estar melhor. Como vamos ajudar se nós estamos precisando de ajuda?
9º erro: Subestimar a capacidade do dependente: Os codependentes olham para o dependente como se este fosse um débil mental, incapaz de resolver seus problemas. Às vezes eles chegam ao ponto de tomar a iniciativa de resolver coisas básicas como marcar um dentista, médico, psicólogo, comprar uma roupa, etc. Nós precisamos começar a olhar o dependente de drogas como um sujeito que possui uma potencialidade, capaz de aprender com seus próprios erros e superá-los. Ficar protegendo o “pobre coitado” não vai resolver o problema.
10º erro: Acreditar que com o trabalho e estudo o problema da dependência química será resolvido: Infelizmente, mais uma ilusão da família codependente. O dependente não consegue trabalhar enquanto ele tiver na fase crítica da doença. Mesmo quando consegue, ele vira escravo do traficante. Um doente precisa é de tratamento.