Drogas e família: Fases do tratamento – parte 4
Quarta fase: Mudando de atitude
A família:
Na medida em que os familiares persistem na reunião, começam a ter uma nova visão do problema. Irão percebendo que baseados em fatos concretos que é preciso acreditar naquilo que esta vendo e ouvindo, afinal, se isto não acontecer tudo se perderá na descrença e na desilusão.
Ao ouvirem alguns depoimentos de familiares que obterem sucesso com este programa, a família começa a tomar atitudes semelhantes dentro da realidade de cada um. Tudo isto flui naturalmente, sem a imposição do grupo, respeitando o grau de evolução de cada familiar.
Nos grupos de ajuda mútua não damos conselhos. Contamos a nossa história. As mudanças de atitude vão acontecendo na medida em que ocorrem as mudanças no interior de cada pessoa e da família como um todo. Cada família tem sua própria história, suas dificuldades e facilidades. Nos grupos o respeito com esta realidade é fundamental. As mudanças não são impostas. Elas não podem ser uma receita de bolo
O dependente:
As mudanças que ocorre no dependente químico são inacreditáveis. Após vencer as resistências naturais das primeiras reuniões, o dependente começa a entender sua doença, possibilitando um processo de mudanças de atitude quase que imediato.
Algumas atitudes diferentes como evitar as famosas saídas conhecidas como “mãe vou ali e já volto”. Ele começa a evitar as pessoas e lugares da ativa. Naturalmente começa a aproximar mais da família e costuma aceitar até o convite de ir à igreja e no psicólogo. Nesta fase diminuem drasticamente o consumo da droga a ponto da família e dele mesmo acharem que não precisa continuar nas reuniões.
Outros dependentes são mais difíceis. Eles recusam o tratamento acreditando que não são dependentes. Recursos como ameaçar a família de sair de casa, acusações verbais e até mesmo físicas costumam acontecer.
Esta fase gera a crise na família e no dependente. É muito importante ambos persistirem no tratamento, especialmente a família, pois ela terá que administrar estas crises para conseguir a internação do seu dependente quando necessário.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo Clínico
Publicado na Edição nº 193 – Março de 2020