Drogas e família: Fases do tratamento – parte 2
Segunda fase: As primeiras reuniões
A família:
Normalmente o familiar que participa das primeiras reuniões se encontra sufocado, angustiado e deprimido. Muitos apresentam até mesmo sintomas físicos como: dores de cabeça, pressão alta e palpitações no peito, além de quadros de depressão e ansiedade muito grave. Alguns se tornam dependentes de calmantes e antidepressivos. Este estado muitas vezes dificulta até mesmo a fala dentro de um grupo de apoio. Não é raro os familiares chorarem nas primeiras reuniões. Alguns se apresentam tão fragilizados que as vezes não voltam mais no grupo por medo, vergonha ou mesmo fragilidade emocional exacerbada.
Pela primeira vez a família vai encontrar um grupo de pessoas que já passou ou esta passando por estas experiências. Ouvir as experiências dos outros, compartilhar as dores e alegrias nos dá a segurança que agora não estamos sozinhos nesta árdua luta. Além disto, a família terá acesso a uma série de informações e leituras específicas sobre esta doença e sobre o tratamento.
Nesta fase é comum a família ficar assustada com os depoimentos nos grupos e algumas tendem a se afastar. Infelizmente, mais tarde estas famílias terão que retornar numa situação muito pior do que a anterior.
Mesmo que o dependente se recuse a continuar nas reuniões, a família deve continuar participando das mesmas. Nos grupos a família vai tratar da sua codependência, além de aprender como fazer para que seu dependente aceite o tratamento.
O dependente:
Pela primeira vez ele terá um encontro com um grupo que já viveu e continua vivenciando a experiência da saída do mundo das drogas. Independentemente de qual reação o adicto terá diante desta realidade, o importante é a família entender que ele não saíra indiferente.
Todas as reações será uma mistura de incertezas e medos. Incertezas de como será o seu mundo sem aquilo que mais ama: as drogas. Medo porque não sabe se conseguirá superar sua dependência. Incerteza se é ou não um dependente químico. Medo de ser internado e abandonado pela família.
No meio de tantas dúvidas o essencial é ele continuar participando das reuniões. Para isto o apoio da família é fundamental. A cada reunião seus medos e incertezas vão sendo esclarecidos. É assim que o tratamento começa e esta é uma caminhada para os próximos cem anos da sua vida, já que esta doença não tem cura, mas é passível de tratamento.