}Feio, o gato
By Cláudio

}Feio, o gato

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Todos no prédio de apartamentos onde eu morava sabiam quem era o Feio. Feio era o gato vira-lata do bairro. Feio adorava três coisas neste mundo: brigas, comer lixo e, digamos amor. A combinação destas três coisas adicionada a uma vida nas ruas tinha causado danos em Feio. Para começar, ele só tinha um olho, e no lugar onde deveria estar o outro olho, havia um buraco fundo. Ele também havia perdido a orelha do mesmo lado, e seu pé esquerdo parecia ter sido quebrado gravemente no passado. O osso curara num ângulo estranho, fazendo com que ele sempre parecesse estar virando a esquina. Feio havia perdido a cauda há muito tempo, e restava apenas um toco de cauda grosso, que ele sempre girava e torcia. Todos que viam Feio tinham a mesma reação: – Mas que gato feio!

Sempre que via crianças, ele surgia correndo, miando desesperadamente e esfregando a cabeça em todas as mãos, implorando por amor. Quando eu o apanhava no colo, ele imediatamente começava a sugar minha blusa, orelhas, ou o que encontrasse pela frente.

Um dia, Feio quis dividir seu amor com os huskies do vizinho. Eles não eram amistosos e Feio foi ferido gravemente. Do meu apartamento, ouvi seus gritos e corri para tentar ajudá-lo. Na hora em que cheguei onde ele estava caído, parecia que a triste vida de Feio estava se esvaindo…

Feio estava caído em uma poça, suas pernas traseiras e suas costas estavam totalmente disformes, um corte fundo na listra branca de pelo atravessava seu peito. Quando o apanhei e tentei levá-lo para casa, ele fungava e engasgava, podia senti-lo lutando para respirar. “Acho que o estou machucando muito”, pensei. Então, senti a sensação familiar de Feio chupando minha orelha – em meio à tamanha dor, sofrendo e obviamente morrendo,

Eu o puxei para perto de mim e ele esfregou a cabeça na palma da minha mão, olhou-me com seu único olho dourado e começou a ronronar. Mesmo sentindo tanta dor, aquele gatinho feio, cheio de cicatrizes de suas batalhas, estava pedindo um pouco de carinho.

Naquele instante, achava Feio o gato mais lindo e adorável que eu já tinha visto. Em nenhum momento ele tentou me arranhar ou morder, nem mesmo tentou fugir de mim ou rebelou-se de alguma maneira.

Feio morreu em meus braços antes que eu entrasse em meu apartamento. Sentei e fiquei abraçada com ele por muito tempo, pensando sobre como este gato vira-lata, deformado e coberto de cicatrizes havia mudado minha opinião sobre o que significava a genuína pureza de espírito e sobre como amar incondicionalmente.

Feio me ensinara mais sobre doação e compaixão do que qualquer ser humano. E eu sempre lhe serei grata por isto. Chegara a hora de eu seguir em frente e aprender a amar verdadeira e incondicionalmente.

Autor desconhecido

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  • 13/10/2019
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