Os pais “furados”
Recebi esta foto pelas redes sociais e um questionamento de uma mãe que participa do grupo Amor Exigente questionou:
“A estátua do filho foi feita com as partes retiradas da estátua do pai, mostrando o quanto os pais se doam para construir a vida do filho. Como questiono isso hoje! Já não vejo a beleza que via nisso antes”.
Entendo a nossa colega, afinal, isto poderia ser visto como uma relação codependente, ou seja, o pai se prejudicando para suprir as necessidades do filho. Outra leitura que podemos fazer desta foto seria a passagem dos valores culturais do pai para seu filho. O conhecimento, os princípios éticos e morais sendo repassados para o filho como uma forma de perpetuar as raízes culturais da família.
Neste sentido, os “pedaços” retirados do pai são o alicerce da formação do caráter do filho. Os “vazios” provocados por esta retirada são o amadurecimento psíquico do pai ao longo da vida. É a consciência que não somos o nosso corpo e que existe algo mais profundo que faz este corpo movimentar: a nossa alma.
Assim, na medida em que percebemos esta realidade, nosso corpo fica mais leve e estamos mais preparados para amar de verdade. O nosso filho absorve isto como uma esponja e vai aos poucos moldando sua personalidade.
Portanto, a foto nos mostra a intimidade profunda desta relação tão incrível que é a relação pais e filhos. È óbvio que o mesmo raciocínio acontece também com a mãe e seus filhos. Os pais então neste sentido vão sendo “furados” do egoísmo, da vaidade, da arrogância e da prepotência, da ganância e do materialismo para terem condições de amar incondicionalmente.
Cláudio Martins Nogueira – psicólogo clínico – Especialista em dependência química