Pardal que acompanha João de Barro vira pedreiro
Escutei este ditado recentemente. Anotei-o rápido para não esquecer, afinal podemos fazer boas reflexões a partir dele. Usando os recursos da natureza ele nos convida a pensar sobre a importância do ambiente social que vivemos, mais especificamente, das pessoas que a gente tem contatos mais próximos.
De tanto conviver com o João de Barro, o pardal pode ser influenciado por ele para também construir seu ninho com barro, ao invés de usar os gravetos. Assim, ele sai da sua condição natural e deixa ser levado por uma interferência social.
Este ditado não fala dos dois pássaros evidentemente. Ele esta falando da natureza social do homem, ou seja, como ele pode influenciar e ser influenciado de acordo com suas relações sociais.
Esta realidade fica evidente com a história do Tarzan. Uma criança que foi criada por uma macaca, no meio da floresta. Ele foi se adaptando a este meio e passou a ter o fôlego de um jacaré, a força de um leão e a expertise de um macaco.
Trazendo para o nosso dia-a-dia, não fica difícil perceber a importância das nossas escolhas, especialmente aquelas relacionadas com os nossos grupos de amigos, ambientes de convívio e é óbvio, os nossos familiares.
No trabalho com os dependentes químicos e seus familiares, chamamos muita a atenção dos envolvidos para este cuidado. Como permanecer sóbrio frequentando um ambiente regado ao álcool e às outras drogas? É neste sentido que dizemos com convicção para os nossos residentes na Fazenda de Caná:
“Vocês não estão aqui apenas para parar de usar drogas, vocês vieram para mudarem seus estilos de vida.”
Da mesma maneira, todos devem ficar atentos com quem e onde a gente convive, afinal, se tiver andando com um João de Barro, pode virar pedreiro.
Cláudio Martins Nogueira – psicólogo clínico