A perda do ninho
Quem acompanha esta coluna e o meu trabalho como um todo sabe que gosto muito de buscar analogias na sabia natureza. Vários textos aqui no jornal já abordei este tema e agora no meu canal do Youtube tenho falado sobre isto.
Quem já leu meu livro se deparou com texto intitulado “aprendendo com os pássaros”. Nele tento mostrar para os pais que, assim como a mãe passarinho deixa seus filhotes com fome quando já estão preparados para voar, nós também temos que fazer algo semelhante. Não dá para ficar sustentando seus filhos ao longo da idade adulta.
Da mesma forma a galinha com seus pintinhos não deixam os mesmo dormir debaixo dela depois que eles estão empenados. Enfim, vários exemplos nós podemos tirar da natureza, porém o que mais me chamou a atenção foi um fato que até então não tinha percebido e preciso compartilhar com meus leitores.
A mãe passarinho assim que os filhotes saem do ninho tem a sábia decisão de desmanchar o ninho. Não dá mais para seus filhotes voltarem para a casa da “mamãe”. Eles só têm uma alternativa: enfrentar o mundo.
Nas famílias codependentes, os pais tentam prender seus filhos o máximo possível dentro de casa. Quando seus filhos saem de casa, na esperança de um dia “o passarinho” voltar, eles mantêm o ninho intacto (o quarto dos seus filhos). Nas primeiras dificuldades da vida, o jovem pássaro retorna ao seu ninho maternal e por ali fica se escondendo do mundo por muito tempo.
Assim, psicologicamente, a perda do ninho (do quarto) é fundamental para que os voos rasantes dos nossos pássaros possam ser bem sucedidos, afinal, o ninho já não existe mais.
Cláudio Martins Nogueira – psicólogo clínico