Drogas, sexo e problemas
By Cláudio

Drogas, sexo e problemas

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Após longos anos trabalhando com prevenção e recuperação de dependentes de álcool e outras drogas, fico cada dia mais perplexo com a complexidade desta doença. As consequências dela atingem todos os aspectos da vida. A dependência destrói o corpo, a mente, as emoções, as relações sociais, a família e capacidade da produção do sujeito de tal maneira que sua vida se resume a sempre lutar pela próxima dose.

Porém, apesar deste leque de problemas já serem suficientes para nos preocupar, temos ainda as sequelas que as drogas podem deixar na sexualidade dos seus dependentes.

Na grande maioria dos casos, na medida em que o usuário do álcool e das outras drogas vai aumentando as doses, ele desenvolve a tolerância e a dependência. Seu cérebro vai sendo manipulado de tal maneira que seu senso crítico fica comprometido, afetando diretamente duas áreas fundamentais para uma vida harmoniosa e equilibrada: os centros de prazer e os centros da censura. O cérebro recebe estímulos químicos que aumentarão as sensações prazerosas, provocando uma necessidade de estar sempre sendo estimulado para obter mais prazer. Aliado a isto, os centros da censura ficarão “anestesiados”, “retidos”. A censura passa a ser restrita.

É neste contexto que o sexo entra como uma fonte de prazer imediato, muitas vezes para suprir a falta da droga ou para potencializar os efeitos prazerosos do seu uso. Como o prazer do ato sexual não possui a intensidade dos efeitos da droga, o dependente da droga passa a ficar compulsivo pelo sexo também. Com a censura comprometida, não existe muitos critérios de escolha dos (as) parceiros (as). Desta forma, o comportamento de risco se torna muito mais frequente do que entre as pessoas não dependentes.

Em estágios mais avançados da dependência, as relações sexuais podem ser “moedas de troca” para conseguir mais drogas, configurando assim atos de prostituição. Diante de tudo isto, as campanhas de prevenção às DST’S (Doenças Sexualmente Transmissíveis) são ineficazes para atingir este público. Não adianta distribuir camisinhas para o dependente químico tão comprometido com as drogas. Dificilmente ele vai usá-las.

Portanto, num programa de tratamento do dependente de álcool e outras é fundamental ter um processo de conscientização da importância e da beleza do ato sexual, lembrando sempre da necessidade de fazer uso de preservativos e demais cuidados com a saúde sexual.

As pessoas em geral, e os dependentes em particular precisam saber:

1 – O não uso da camisinha pode ter como consequência ser contaminado pelas doenças DST’s (HIV, Sífilis, Gonorreia, Hepatite e tantas outras);

2 – O tratamento é doloroso e muitas vezes podem deixar sequelas para o resto da vida;

3 – Se não forem diagnosticadas a tempo, podem ter complicações graves chegando ao óbito;

4 – O crescimento dos casos no Brasil é alarmante, aumentando os riscos do contágio;

5 – O método mais eficaz para combater esta proliferação é o uso da camisinha que são distribuídas gratuitamente em todos os postos de saúde do Brasil;

6 – Além de tudo isto, os riscos de uma gravidez indesejada também é enorme, alterando todos os projetos de vida dos envolvidos.

Converse com seus filhos e previna-se. Depois não adianta chorar…

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  • 30/11/2018
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