O que fazer com a desmotivação?
Na edição anterior escrevemos sobre a preguiça, queixa comum dos pais em relação aos seus filhos. Citamos que não existem pessoas preguiçosas, mas sim pessoas desmotivadas para determinadas situações.
Diante disto fica uma questão: o que fazer com a desmotivação pela vida, especialmente da nossa juventude? Para responder a esta pergunta recorro a um ditado popular muito antigo que já foi tema deste jornal: “a necessidade que faz o sapo pular”. No linguajar da psicanálise é a cenoura dependurada em um galho amarrado no pescoço do coelho que faz o mesmo ficar motivado para pular, ou seja, o desejo por um objeto libidinal que alimenta nossa motivação de viver. Se perdermos isto, perdemos o sentido de estar vivo.
O que temos presenciado na maioria dos adolescentes e jovens é exatamente isto. Uma geração que “perdeu a cenoura” e tem todas as necessidades materiais preenchidas pelos pais. Em outras palavras, o “sapo” não precisa pular. O que sobra então? A desmotivação e a busca desenfreada pelo prazer imediato, a depressão, a ansiedade e a preguiça. É importante perceber que os pais não conseguem com as coisas materiais preencherem o vazio da alma dos seus filhos. O desejo intrínseco do ser humano de auto realização, de ser útil e de ser valorizado ficam em aberto.
A cobrança incisiva dos pais exigindo dos filhos mais responsabilidade nos estudos e no trabalho se contradiz com a permissividade da educação infantil e juvenil.
Assim, se quer criar motivação, gradativamente, vá deixando seus filhos serem responsáveis por assumir seus compromissos, inclusive de se manter. Com a necessidade, “o sapo vai pular e o coelho também”.
Cláudio Martins Nogueira – Psicólogo clínico