Picolé ou parafuso?
Alguns anos atrás, quando eu tinha uma loja de material elétrico, eu passei por uma experiência inesquecível. De todas as coisas que eu vendia, aquela que mais me incomodava era sem dúvida alguma os famosos parafusos. Existia uma variedade imensa de tamanhos, modelos e roscas diferenciadas. Os clientes misturavam todos e era aquela confusão.
Produtos de valores unitários irrisórios, cerca de 3, 5, 7 centavos e dava um trabalho danado para vender. Alguns clientes precisavam de muitas unidades e que, quando somados, dava um valor monetário considerável. Não raro os clientes achavam caros estes produtos tão baratos.
O meu argumento de vendas era comparar o preço dos parafusos com o picolé que o meu vizinho vendia a R$ 0,25. Dizia eu: “os parafusos vão ser fixados na sua parede e vão ficar por muitos anos, enquanto que o picolé em poucos minutos desaparece na sua boca”.
O argumento era convincente até que um dia o vendedor de picolé foi comprar parafusos. Como a maioria dos clientes, ele reclamou do preço. Usei o meu eficiente argumento de vendas e ele me respondeu: “ Você esta certo Cláudio, porém eu nunca vi ninguém chupar parafusos”.
Eu estava comparando o incomparável. Assim são os pais quando começam a comparar os filhos. Cada sujeito é único, com seus defeitos e qualidades. Compará-los é ineficaz, ineficiente e desrespeitoso para com eles.
Assim, evitem fazer comparações, afinal cada um tem sua função. Da mesma forma que o picolé e os parafusos.