Alcoolismo: o lado “sombrio” das bebidas alcoólicas
DEFINIÇÃO:
Até alguns anos atrás, o alcoolismo era sinônimo de malandragem, falta de vergonha e safadeza. Acreditava-se que os defeitos de caráter induziam ao vício. Os alcoólicos eram (e continuam sendo muitas vezes) discriminados e rejeitados pela sociedade.
As empresas demitiam os alcoólicos e as famílias os abandonavam a própria sorte, os hospitais os rejeitavam.
Hoje, este quadro começou a mudar, graças ao avanço da medicina, que provou que o alcoolismo é uma doença com algumas características específicas, sendo considerada:
Primária: porque gera outras doenças.
Crônica: porque não tem cura e precisa de cuidados constantes (como a diabete).
Progressiva: porque se instala lentamente e o seu principal sintoma é a perda de controle sobre o uso da bebida alcoólica.
Fatal: porque provoca um dano físico, mental, psicológico, espiritual e social, causando conseqüências irreversíveis que, se não forem detida a tempo, poderão levar à morte.
FASE INICIAL: USO SOCIAL
Começa pelo simples hábito de beber socialmente. A maioria das vezes o contato com o álcool é positivo e gratificante. A pessoa descobre uma mudança de humor, que a torna mais corajosa, mais alegre, mais desinibida e mais “leve”. Tem uma sensação de ter resolvido os seus problemas.
Nessa fase é impossível distinguir se ela desenvolverá ou não a dependência. O máximo que podemos perceber são alguns sinais:
- O Alcoólico tem muito prazer na bebida e possui uma resistência física maior (demora a ficar tonto).
- O Alcoólico só para de beber quando a festa acaba ou então quando passa mal;
- O Alcoólico normalmente não vai a festa que não tem bebidas;
O grande risco, portanto, de beber socialmente consiste em detectar quem tem tendência ou não ao alcoolismo. Na dúvida, é melhor não arriscar.
FASE INTERMEDIÁRIA: MANIFESTAÇÃO DA DEPENDÊNCIA
O uso constante do álcool obriga o organismo a se adaptar a esta droga, aumentando a sua tolerância, ou seja, torna-se necessário o aumento da quantidade da droga para se obter o mesmo efeito.
O estado físico e emocional do usuário começa, então, a se alterar, apresentando mudanças de comportamento, que se tornam tão evidentes, que o convívio social é afetado.
Esta fase caracteriza-se por:
- Ingestão de quantidade cada vez maior de bebida alcoólica;
- Ressacas cada vez mais freqüentes;
- Começam os primeiros lapsos de memória (esquecimento);
- Amigos e familiares começam a se preocupar;
- Mecanismo de defesa fica aflorado: “Paro quando quiser…”.
- Queda da produtividade (trabalho e estudos);
- Relacionamentos complicados;
- Busca de novos “amigos”;
- Isolamento da família.
FASE FINAL : DEPENDÊNCIA TOTAL
A doença está instalada. Sua vida se tornou intolerável com a bebida, e impossível sem ela. Bebe para viver e vive para beber. Já não consegue fazer nada sem o álcool. Não consegue evitar a 1ª dose, não para na 2ª e não se lembra da última.
O dependente apresenta várias mudanças de comportamento:
- Agressões verbais e físicas;
- Delírio de ciúme;
- Lapsos de memória freqüentes;
- Alucinações e tremedeiras;
- Baixa estima podendo levar a tentativa de suicídio;
- Isolamento social;
- Desleixo com aparência e com a vida;
- Complicações de saúde (anemias, tuberculose, inchaço, etc.);
- Surgimento da “tolerância inversa” (pequena dose faz grande efeito);
- Destruição da família;
- Perda da capacidade de trabalho;
- Internações hospitalares e clínicas psiquiátricas;
- Coma alcoólico e morte.
Infelizmente, a maioria dos alcoólicos e/ou suas famílias procuram o tratamento nesta 3º fase. Dificilmente busca nas fases anteriores, quando então, seria mais fácil a recuperação de ambos.
Extraído da cartilha educativa “Alcoolismo e os 12 passos do AA”
Autor: Cláudio Martins Nogueira