Tatuagem: marcando o quê?
Tatuagem nunca esteve tão na moda. É impossível ir a uma praia e não encontrar um golfinho estampado na coxa de uma garota, ou o tradicional dragão no braço de um surfista. Mesmo sem estimativas concretas, os tatuadores brasileiros confirmam que a procura tem aumentado a cada verão. “A corrida aos estúdios começa em setembro, quando o movimento quase dobra”, comprova a tatuadora paulista Cláudia Clauiano, a Macá, 14 anos de profissão. E esse boom é mundial.
Muita gente está pulando de cabeça nessa onda e muitas vezes sem se dar conta de que há contradições. A mais importante é que, apesar do modismo, tatuagem não sai do corpo e, ao contrário de uma etiqueta, não pode ser trocada a cada estação. Para cravar um desenho no corpo, a máquina de tattoo passa horas arranhando a epiderme, a camada superficial da pele, para introduzir a tinta na derme, 4 mm adentro. E isso dói. Porém, é exatamente a dor, uma marca desse momento, que continua a inspirar nos jovens a liberdade e a transgressão. O que leva, inevitavelmente, à pergunta: por que as pessoas se tatuam?
1 – Tatuagem como uma questão de identidade: “A pessoa faz para representar a sua individualidade”, explica o psicólogo Miguel Perosa, professor da Pontifícia Universidade Católica, PUC, de São Paulo. Segundo ele, o desenho escolhido tem sempre a ver com o íntimo de cada um e pode ser uma mensagem pessoal ou coletiva. “Através da tatuagem, a pessoa quer dizer algo de si mesma, tanto para pertencer a um grupo que usa esse tipo de sinal, como para se diferenciar da sociedade”, afirma o professor.
Fonte: http://galileu.globo.com/edic/86/comportamento1.htm
Meu comentário:
Esta motivação citada pelo psicólogo Miguel Perosa não traz muitas complicações no futuro. Na medida em que o jovem amadurece ele começa a perceber que a tatuagem não é tão importante assim na sua vida e seu interesse é deslocado para outras áreas da sua vida como a vida familiar, profissional, religiosa e social.
Outras motivações conduzem um indivíduo a fazer uma tatuagem e cada uma delas tem suas consequências:
2 – Tatuagem como uma questão de protesto: Uma forma inconsciente de transgredir a lei, especialmente a cultura familiar. Especialmente os adolescentes e jovens utilizam deste recurso para “ferir” os pais que são autoritários e moralistas.
Se os conflitos familiares não forem resolvidos, o processo de tatuagem pode avançar pela idade adulta, marcando assim todo o corpo trazendo como consequências a dificuldade de conviver em um ambiente preconceituoso como o do mercado de trabalho.
3 – Tatuagem como autoafirmação: Um mecanismo de defesa de uma suposta ameaça de um outro sujeito. Para ser aceito pelo grupo dos iguais, o jovem se vê na “obrigação” de chamar a atenção deste outro de qualquer maneira para ser amado. Como ele muitas vezes pensa que não possui conteúdo interior, ele precisa modificar a embalagem exterior (modismo). No fundo estamos diante de uma autoestima baixa;
Esta motivação pode levar à obsessão e à compulsão. Obsessão no sentido de sempre desejar uma nova tatuagem. O pensamento fica restrito a isto. A compulsão é a busca desenfreada pela próxima marca, tudo na tentativa louca de chamar a atenção do outro, ou seja, de ser amado. Parecido com a droga, o “dependente da tatuagem” quer sempre mais uma “dose”, perdendo totalmente a noção dos limites do corpo e da vida social, afinal, o seu prazer ficou fixado na próxima dose
4 – Tatuagem como registro: Marcar na pele momentos inesquecíveis como uma data, um nascimento de um filho, o nome de um grande amor, uma fé, etc.;
O grande risco aqui é o arrependimento depois da data. O término de uma relação, a perda de um filho, o desencanto pela fé pode trazer muito sofrimento depois de consumado o fato. O processo de remoção de uma tatuagem é doloroso, perigoso e muito caro.