O “dente” da droga
Infelizmente, quando a “doença” chamada dependência química visita a nossa casa todos são pegos de surpresa. A grande maioria das pessoas não está preparada para esta realidade que a cada dia se torna mais comum no nosso meio. Não importa as condições socioeconômicas, o bairro ou a cidade que moramos, a droga invade a sociedade e como um tsunami destrói nossos lares e famílias inteiras.
Diante desta situação, normalmente os familiares tentam usar seus escassos recursos emocionais e financeiros na tentativa de ajudar o dependente químico a “curar” esta doença. A tentativa com empregos, escola, bens materiais e até mesmo profissionais da saúde como psicólogos e médicos, religiosos e outras especialidades são procurados para resolver este problema tão grave. O dependente, de forma até mesmo cínica, responde com convicção a estas iniciativas: “Eu não sou dependente”, “Eu uso drogas porque eu gosto”, “O dia que eu quiser parar de usar eu paro”, “O meu problema são vocês que não aceitam meu uso por causa do preconceito” e tantos outros argumentos que entristecem os familiares e provoca revolta à família.
Todas estas tentativas na maioria das vezes estão fadadas ao fracasso. Enquanto a família continuar tentando evitar o fundo do poço do dependente, ele vai continuar usando as drogas até chegar ao seu fundo do poço. A família codependente funciona então como um anestésico que vai aliviar o sofrimento da droga. Ela o “remédio” para a “dor de dente” da droga, evitando assim que o dependente tome a iniciativa de buscar o “dentista”.
Assim, a “cárie” no “dente da droga” continua crescendo pondo em risco sua existência. É neste sentido que os AA (Alcoólicos Anônimos) afirmam com convicção a mais de 80 anos: “o alcoólico só vai buscar o tratamento se chegar ao seu fundo do poço”. O movimento Amor Exigente no seu sétimo principio “Tomada de atitude”, convida a família a tomar uma postura firme, colocando limites e estabelecendo o confronto com o dependente, gerando na vida dele uma crise, ou seja, o “fundo do poço”.
Desta maneira, o “dente” da droga começa a doer. Não existe mais o “anestésico” da família e o dependente vai ter que buscar o “dentista” por livre e espontânea pressão. Para ser mais claro, o dependente vai ter que buscar o tratamento para sair das drogas.
Portanto, a frase que coloquei no meu livro O OUTRO LADO DA DROGA tem sentido quando afirmo no caso do dependente que não aceita o tratamento: “Você ajuda quando não ajuda e atrapalha quando ajuda”.
A família só vai conseguir esta mudança de atitude se buscar ajuda para ela primeiro. Os grupos de apoio e um profissional de saúde experiente nesta área serão muito úteis.