A colher que sabe do fundo da panela
A colher que sabe do fundo da panela
Este ditado é rico em sabedoria. Sempre escutei minha mãe dizendo isto. A colher passa anos “passeando” no fundo da panela. Por ser tão íntima ela conhece todas as suas crostas, seus arranhados, seus amassados e suas manchas. Só a colher é capaz de perceber as minúcias, os defeitos e as qualidades daquela panela.
De todas as lições que podemos aprender com este ditado sem sombra de dúvida é o famoso “não julgar”. Jesus Cristo já nos alertava sobre isto: “não julgueis para não seres julgados, pois da mesma maneira que medires, sereis medidos”. A psicologia nos convida ainda a procurar um sentido para cada atitude. Para ela todos nós temos de alguma forma motivos para estarmos agindo desta maneira. Neste sentido, para o psicólogo não existe ou, pelo menos não deveria existir, o julgamento.
Transportando esse olhar para os problemas do cotidiano, é possível perceber que não devemos tomar partido de algo que não conhecemos a fundo. Exemplo clássico é a briga de marido e mulher. Somente os dois que estão envolvidos sabem a fundo as questões que são colocadas. Isto nos remonta ao ditado muito famoso: ‘briga de marido e mulher ninguém deve meter a colher’. Da mesma forma, quando uma família se depara com um membro desenvolvendo a dependência química, várias pessoas aproximam para criticar, julgar e buscar responsáveis pelo fato.
Diante disto, a família ou o casal que enfrentam estes desafios devem entender as profundezas afetivas e emocionais envolvidas neste romance familiar. Para isto é imprescindível à ajuda psicológica e de um grupo de ajuda mútua. O profissional vai possibilitar um processo de autoconhecimento, enquanto que o grupo dos iguais vai viabilizar um processo de empatia e transferência entre os iguais de tal maneira que a família se sente confortável, segura e se preparando para tomar as decisões mais corretas.
Portanto, cabe à família a procurar ajuda com quem conhece o ‘fundo da panela’. Parar de dar ouvido a quem nada entende do problema não é falta de educação, mas sim, prova de muita sabedoria.